Gitex Europe: Startups portuguesas procuram novas oportunidades de financiamento e internacionalização em Berlim

Francisca Andrade

22 mai 2025 09:14

Das scaleups da Fábrica de Unicórnios de Lisboa às startups com ligações ao European Innovation Council, as empresas portuguesas que marcam presença na Gitex Europe representam vários sectores, mas têm em comum a ambição de chegar mais longe e de encontrar novas "pontes" que as ajudem a crescer.

Portugal é um dos países com delegações nacionais em destaque no North Star Europe, um dos eventos de startups e inovação dentro da Gitex Europe. A Fábrica de Unicórnios de Lisboa já tinha marcado presença na Gitex Global 2024, no Dubai, e, desta vez, traz a Berlim mais de 10 scaleups.

“São empresas que têm passado pelo nosso programa de scaling-up e de vários sectores”, conta Gil Azevedo, CEO da Fábrica de Unicórnios de Lisboa, ao SAPO TEK. “A IA é naturalmente aqui o ‘prato forte’, mas, acima de tudo, são scaleups que têm produtos muito fortes e que têm em vista a expansão internacional”, detalha o responsável. “Estão à procura de investidores e parceiros e nós fazemos essa ponte”.

Para a Fábrica de Unicórnios de Lisboa fazia “todo o sentido” estar presente na edição europeia da Gitex. No ano passado, a participação na Gitex Global, para a qual levou 15 scaleups, traduziu-se em duas parcerias com organizações de startups, uma de Abu Dhabi e outra do Dubai. “Permitiu criar essas ligações que, agora, se estão a traduzir em iniciativas conjuntas”, realça Gil Azevedo.

“O Médio Oriente é estratégico para nós, porque tem anunciado fundos muito grandes para a inovação, em particular, para a IA e acabam por ser uma porta de entrada de startups asiáticas para a Europa”, explica.

“Ao estabelecermos uma ponte e ao termos uma presença no Médio Oriente, isso permite que as nossas startups possam ter acesso a fundos, mas também, as startups que já estão no Médio Oriente e nos mercados asiáticos possam ver Portugal como uma porta de entrada”, afirma o responsável.

Em Berlim, a escolha também é estratégica. Segundo Gil Azevedo, “dentro da União Europeia, Berlim tem um ecossistema mais desenvolvido e, portanto, a nível de investidores e de parceiros, é onde estão os maiores”,

“Acreditamos que neste novo mundo, em que há um foco na localização versus globalização, criar um ecossistema europeu é fundamental para podermos competir com os Estados Unidos, com a China e com outros mercados tradicionalmente mais inovadores em comparação com a Europa”, afirma.

Investimento, internacionalização e novas "pontes" para crescer

As scaleups que a Fábrica de Unicórnios de Lisboa levou para a Gitex Europe representam vários sectores, mas têm em comum a ambição de chegar mais longe, procurando investidores para ajudar a escalar as suas operações.

A Bloop, por exemplo, veio à Gitex para fazer pontes com investidores, em particular com Venture Capitalists, para preparar uma ronda seed que deverá acontecer daqui a alguns meses, espera Francisco Rodrigues.

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O fundador e CEO da startup, que quer combinar um marketplace com uma rede social numa nova plataforma, explica que esta ronda de investimento permitirá expandir para Espanha, França e, pelo menos, mais um mercado europeu em 2026.

O feedback recebido da Gitex tem sido positivo, detalha o responsável, acrescentando que a startup está também a preparar o lançamento público da sua plataforma, que acontecerá muito em breve.

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Já a WiseWorld quer transformar soft skills em dados objetivos e acionáveis, através de uma plataforma onde membros de equipas em empresas interagem por personagens geradas por IA.

Sohrab Mostaghim, Cofundador e Lead Game Designer, conta que esta é a primeira vez da startup num evento da Gitex, embora já tenha participado em feiras e eventos como a SIM Conference, da Startup Portugal, e como o Web Summit.

Nestas conferências, a WiseWorld conseguiu encontrar os seus primeiros angel investors e, agora, espera poder encontrar novas oportunidades de investimento em Berlim, mas também reforçar a rede de contactos com empresas que estejam interessadas em experimentar a plataforma desenvolvida.

Tal como a Bloop e a WiseWorld, a KIT-AR, especializada em soluções de realidade aumentada para o sector industrial, é uma das startups que chegaram à final do Supernova Challenge Pitch Competition no evento. Para Manuel Oliveira, CEO da KIT-AR, a Gitex é uma oportunidade de fazer outreach junto de potenciais clientes e validar soluções num contexto internacional.

Da Fábrica de Unicórnios de Lisboa, “saltamos” para o European Innovation Council (EIC), que levou para a Gitex Europe mais de 40 startups na área da Deeptech, com projetos disruptivos financiados por um programa de mais de 10 mil milhões de euros.

Além da AGROINSIDER, a Infinite Foundry é uma dessas startups. Como explica Guilherme Tavares, Software Developer, a empresa, que opera na área dos digital twins para fábricas inteligentes, está à procura de investimento para apoiar as suas novas ambições.

A Infinite Foundry tem planos para migrar o seu sistema altamente personalizável para grandes clientes industriais para uma solução mais modular, concebida para que empresas mais pequenas consigam configurar os seus próprios gémeos digitais.

Bruna Bento, Operations & Community Manager da Infinite Foundry, explica que a ligação ao EIC tem ajudado na internacionalização. “Já participamos em alguns programas, algumas missões comerciais à Roménia, Grécia e ao Japão”, afirma. ““É a primeira vez que viemos com o EIC a uma feira desta dimensão”.

Pelos pavilhões da Gitex Europe também se encontram startups como a portuguesa LockEM, que se foca na recuperação após ciberataques mas também na área da compliance. “Neste momento, para a Europa, a cibersegurança deixou de ser uma preocupação para passar a ser uma obrigação, com diretivas como a NIS2 que exigem que as empresas sejam compliant”, afirma Ricardo Carvalho, CMO da empresa.

A startup fundada em Leiria veio à Gitex para encontrar novos clientes, mas também parceiros e revendedores para a sua solução, em específico, no mercado europeu, que permitam ajudar a desenvolver o negócio, acrescenta Luís Rosa, CEO da empresa.