Quando em 1998 dois estudantes universitários criaram um novo mecanismo de pesquisa para a Internet estavam, possivelmente, longe de pensar em toda a influência que iriam gerar com a sua ideia. O motor de busca cresceu e a empresa cujo nome se inspirou num termo matemático que se refere ao número 1 seguido de 100 zeros - Google - tornou-se um caso incontestável de sucesso, "on" e "offline". Agora tudo vai mudar. Ou talvez não.
A carta que Larry Page ontem assinou marca uma transformação da empresa que agora assume o nome de Alphabet, e o URL http://abc.xyz, e passa a agregar todos os negócios que a Google foi criando, ou comprando, nos últimos 17 anos.
Larry Page e Sergey Brin iniciaram o seu projecto com quatro computadores e 100 mil dólares obtidos de um investidor que acreditou na sua concretização. Em 2004 tornou-se uma empresa cotada em bolsa, e agora tem mais de 55 mil colaboradores, faturou mais de 66 mil milhões de dólares em 2014 e é uma das maiores empresas do mundo, com mais de mil milhões de utilizadores a nível global.
"Como o Sergei e eu escrevemos na carta de fundação original há 11 anos, 'a Google não é uma empresa convencional. E não tenciona tornar-se uma'", explica Larry Page que garante que quer continuar a fazer coisas loucas.
"Há muito que acreditamos que com o tempo as empresas tendem a tornar-se confortáveis a fazer a mesma coisa, com mudanças incrementais. Mas na indústria tecnológica, onde as ideias revolucionárias dinamizam as próximas grandes áreas de crescimento, precisamos de estar um pouco desconfortáveis para continuar relevantes", escreve na comunicação a clientes, imprensa e investidores.
Esta é a razão explicada para a criação da Alphabet, que Larry Page vai liderar como CEO e Sergey Brin como Presidente. Os destinos da Google, que vai manter o negócio do motor de busca e publicidade associada, ficam agora nas mãos de Sundar Pichai, o novo CEO que muitos já conhecem das apresentações longas (e pouco carismáticas) nos eventos de tecnologia e que oficiosamente já geria o dia a dia da empresa.
A Alphabet passa a ser a "empresa mãe", agregando uma "coleção" de empresas, entre as quais a Google, e assume a cotação da empresa em bolsa e a nova estrutura de negócios, onde o segmento de internet é separado de tudo o resto. Pesquisa, publicidade online, mapas, YouTube e Android continuam dentro da Google, mas as áreas de saúde, investigação e outros negócios passam a ser geridos de forma autónoma.
A surpresa ainda domina nos comentários online à mudança, mas só o tempo permitirá perceber se é ou não uma aposta certeira dos fundadores da Google, e se o "desconforto" que gera dará ou não frutos.
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