A Huawei assinalou com uma comunicação pública e com uma cerimónia interna, a entrada em produção do seu próprio software de gestão, depois de ter ficado privada da utilização do ERP de origem americana que usava antes, por causa das sanções dos Estados Unidos.

A fabricante chinesa assinalou a transição para o ERP desenvolvido in-house nesta quinta-feira, admitindo que ter-se visto privada da utilização normal do software de gestão que usava há quase duas décadas colocou em causa a própria existência da empresa.

A gravidade do impacto deste bloqueio foi assumida, para que a empresa pudesse também assinalar que acabou por sobreviver, conseguindo criar o seu próprio software de gestão e migrar para lá a maior parte da informação de suporte ao negócio.

"Fomos privados de usar o nosso antigo ERP e outros sistemas centrais de operação e gestão há três anos", admitiu Tao Jingwen, membro do conselho de administração e presidente do departamento de qualidade, gestão de TI e processos de negócio da empresa. "Hoje estamos orgulhosos de anunciar que quebrámos esse bloqueio, sobrevivemos!"

Na informação divulgada pela Huawei sobre este marco para a empresa, citada pela Reuters, não se refere se a Huawei tem planos para comercializar o software de gestão na cloud que desenvolveu, a que chamou MetaERP. Para já, e no universo Huawei, o MetaERP já dá suporte a 80% do negócio.

Em 2019, a Huawei foi adicionada à lista de empresas que representam uma ameaça potencial à segurança dos Estados Unidos, por alegadas ligações ao Partido Comunista Chinês. A empresa tornou-se uma das primeiras visadas pela Foreign Direct Product Rule, que proíbe a venda de artigos que, mesmo fabricados fora dos Estados Unidos, possam ser produto direto de determinada tecnologia ou software dos EUA, ou que sejam produzidos por equipamentos com software ou tecnologia de origem americana. As vendas a uma empresa visada pela medida, só podem concretizar-se mediante uma autorização especial das autoridades.

Na sequência da proibição, que desde então foi complementada com outras, empresas como a Oracle, que alegadamente fornecia o software de gestão usado pela Huawei, tiveram de escolher, entre manter o cliente ou respeitar as regras do Departamento de Comércio.

Quem preferiu manter os acordos comerciais, como a Seagate, tornou-se alvo de medidas punitivas, que no caso resultaram na multa de 300 milhões de dólares anunciada há dias. Quem cumpriu a ordem do Departamento de Comércio deixou de vender produtos à Huawei, o que no caso de soluções de continuidade como um ERP significa deixar de ter acesso a atualizações, melhorias e suporte.