A Portugal Telecom anunciou ontem ter registado lucros no montante de 84,8 milhões de euros durante o primeiro trimestre de 2003, o que representa uma descida de 27,5 por cento em comparação com os valores pro-forma registados no mesmo período do ano anterior. A operadora justifica esta descida com a desvalorização do real
brasileiro e a queda de receitas no mercado da rede fixa, através da PT Comunicações.

Os resultados líquidos do grupo nos primeiros três meses deste ano foram
ajustados à passagem de consolidação de 50 por cento do capital da Vivo, holding
brasileira para o sector de telefonia móvel detida em conjunto com a Telefónica Móviles, em vez de consolidar totalmente os resultados da participada Telesp Celular
Participações
(TCP) - de acordo com as novas regras.

As receitas operacionais consolidadas da PT foram de 1,313 mil milhões de
euros, significando uma queda de cerca de 10 por cento face ao trimestre
homólogo de 2002. Os resultados operacionais situaram-se nos 291,5 milhões de euros, uma diminuição de 3,7 em comparação com os resultados pro-forma do primeiro trimestre do ano passado. Por seu lado, o cash flow
operacional ou EBITDA foi de 520 milhões de euros e os investimentos do grupo
foram reduzidos em mais de 50 por cento, para os 141,2 milhões de euros. A
dívida líquida da operadora situou-se nos 3,834 mil milhões de euros.

Além disso, a rescisão de contratos com 425 trabalhadores acarretou custos no
valor de 93 milhões de euros em comparação com cinco milhões de euros no
primeiro trimestre do ano anterior. O esforço de redução de custos com o
pessoal, que afecta sobretudo a PT Comunicações, contribuiu, no entanto, para
a diminuição dos custos operacionais em 11,6 por cento para 1,021 mil milhões
de euros. No final do primeiro trimestre, as receitas de telefonia móvel do
grupo PT alcançaram os 550 milhões de euros, acima do montante gerado pela
rede fixa, no valor de 541,3 milhões de euros. A PT Comunicações manteve a
quota de 92 por cento no tráfego de acesso indirecto.

A TMN aumentou a sua base de clientes em 47 mil. No final de Março, a operadora móvel possuia 4,5 milhões
de clientes de activos, uma subida de 12,3 por cento face a Março de 2002. A
receita por média por cliente (ARPU) foi de 24,1 euros, face aos 27,1 euros
no primeiro trimestre de 2002, uma descida que se ficou a dever à queda das
tarifas de interligação de móvel-móvel e fixo-móvel. A venda de terminais
desceu 1,7 por cento para os 32 milhões de euros.

Quanto à PTM.com, que da PT
Multimédia
passou a integrar os activos da PT, registava no final do
referido trimestre 61,4 mil clientes de ADSL. Segundo o grupo de
telecomunicações, esses números indicam que a PT controla 80 por cento da
quota deste mercado em Portugal. Ao longo destes três meses, a operadora
conquistou mais 19 mil novos clientes de ADSL. Neste período, as receitas da
PTM.com atingiram os 23 milhões de euros, um crescimento de 29,4 por cento
face ao mesmo período do ano anterior. os resultados antes de impostos,
juros, amortizações e depreciações (EBITDA) desta divisão foram negativos em
400 mil euros.

PT Multimédia chega ao lucro pela primeira vez

Por seu lado, a divisão autónoma PT Multimédia revelou ontem os seus
resultados financeiros relativos ao primeiro trimestre de 2003 em que o
principal destaque é o facto da companhia ter obtido pela primeira vez desde
a sua criação lucros líquidos positivos no valor de 930 mil euros - após
impostos, com base num aumento de 15 por cento nas receitas consolidadas.

Segundo o comunicado divulgado pela empresa, este resultado assenta num "forte crescimento da rentabilidade operacional do grupo e na diminuição de custos com dívida". Quanto às receitas, foram de 163,5 milhões de euros, uma subida de 14,7 por cento em relação ao primeiro trimestre de 2002, tendo a
facturação do negócio de televisão por cabo representado 62 por cento desse
total. Assim, no final de Março, a TV Cabo apresentava receitas de 102,4 milhões de euros, o
que constitui um crescimento de 27,2 por cento.

Para a empresa, o desempenho alcançado é fruto "do crescimento das áreas de
negócio de televisão por cabo e média, de uma sustentada melhoria da margem
operacional em termos consolidados e do impacto positivo da reestruturação do
balanço da PT Multimédia com a saída dos negócios ligados à Internet". Desta
forma, o EBITDA da PT Multimédia atingiu os 27,4 milhões de euros, mais 54,9
por cento do que no primeiro trimestre do ano passado, ao passo que a dívida
líquida registou uma diminuição de 652,1 milhões de euros para os 104,3
milhões de euros.

Na televisão por cabo, a companhia assistiu a um crescimento de 13,4 por cento
no número de clientes face ao primeiro trimestre de 2002, tendo-se situado no
final de Março em 1,346 milhões. O ARPU da TV Cabo foi de 19,80 euros, mais
4,9 por cento do que nos primeiros três meses de 2002. O serviço Netcabo de Internet em banda
larga da TV Cabo tinha 162 mil clientes no final dos três primeiros meses do
ano, tendo mais do que duplicado a sua base de clientes em comparação com a
mesma data de 2002. O ARPU deste serviço foi de 30,60 euros, em comparação
com os 26,40 euros registados entre Janeiro e Março de 2002.

Os cinemas Lusomundo
venderam menos 2,3 por cento de bilhetes face há um ano atrás, tendo as
receitas da distribuição cinematográfica alcançado 1,5 milhões de euros,
representando uma descida de 4,8 por cento em relação ao mesmo período de
2002. A venda de jornais alcançou os 34,8 milhões de euros. A subida da
circulação do Jornal de
Notícias
e do Diário de
Notícias
e a venda de produtos opcionais, como os DVD que vêm com esses diários, compensou a quebra de publicidade.

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