Depois do apagão da passada segunda-feira, o tema continua na atualidade e as soluções para minimizar os impactos de uma nova situação do género também. Soube-se logo que já existia um plano para aumentar o número de centrais elétricas com blackstart, o sistema que permite o restabelecimento autónomo da energia.

Agora conhecem-se também os valores envolvidos numa possível duplicação do número de centrais com blackstart, de duas para quatro. Ter o dobro das centrais com estas características vai aumentar o custo anual destes sistemas para 22,3 milhões de euros.

As centrais que devem passar a integrar o sistema de arranque autónomo, se os projetos avançarem, são as centrais elétricas do Alqueva e do Baixo Sabor, de modo a assegurar uma distribuição mais geográfica deste tipo de infraestruturas. Ambas acrescentariam 1,7 milhões de euros aos custos atuais deste tipo de sistema.

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No caso do Baixo Sabor, o custo adicional será de 578 mil euros anuais. No caso do Alqueva de 1,1 milhões de euros, detalhou a ministra do ambiente, Maria da Graça Carvalho, ao ECO/Capital Verde, explicando que a diferença de valores tem a ver com a capacidade das duas centrais, que também é distinta. Tudo somado, até 2030 trata-se de um investimento adicional de 8,4 milhões de euros. Estes valores adicionais devem ser refletidos nas tarifas de eletricidade.

Depois do apagão, a primeira central elétrica ibéric a arrancar foi a de Castelo de Bode. À terceira tentativa, num processo que é complexo e que as centrais elétricas espanholas com as mesmas características não conseguiram garantir, razão pela qual os vizinhos espanhois acabaram por recorrer a eletricidade de Marrocos e França. Para Portugal esta não era opção, uma vez que o sistema elétrico português só tem interligação com Espanha.

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A duplicação do número de centrais com sistema blackstart, numa nova situação como a da passada segunda-feira, permitirá um arranque mais rápido da rede elétrica e geograficamente mais uniforme, já que existirão sistemas capazes de o fazer no Norte, Centro, Alentejo e Algarve.

A governante também revelou que embora a possibilidade de criar novas centrais com sistema de arranque autónomo já estivesse em estudo, a proposta foi apresentada pela REN  com o intuito de substituir as centrais antigas pelas novas. O apagão de segunda-feira trouxe uma nova perspetiva para a análise do investimento.