A Microsoft confirmou esta quarta-feira que vai despedir 10.000 colaboradores, que representam menos de 5% da força de trabalho da empresa. "Estamos a viver tempos de mudanças significativas [...] . Primeiro, os clientes aceleraram os seus gastos com o digital durante a pandemia e estamos agora a vê-los optimizar estes gastos, para fazer mais com menos", refere uma comunicação assinada pelo CEO Satya Nadella.
"Também estamos a ver organizações em todas as indústrias e geografias a serem cautelosas, porque algumas partes do mundo já estão em recessão e noutras antecipa-se uma", acrescenta ainda o responsável, para explicar que, é neste contexto, que a Microsoft se vê forçada a tomar medidas que permitam "produzir resultados numa base contínua" e manter o investimento onde identifica oportunidades a longo prazo.
Os rumores sobre uma nova e maior decisão de despedimentos na Microsoft circulava nas últimas horas, adiantando-se que a medida ia visar diferentes equipas de engenharia e a área dos recursos humanos. Na nota divulgada pela empresa não há detalhes sobre as equipas afetadas. A Microsoft Portugal também apenas remete para a comunicação da casa-mãe.
Nessa nota, explica-se que a estrutura de custos da empresa tem de ser alinhada com as receitas e com as áreas onde existe procura. Indica-se também que a redução de pessoal será operacionalizada até final do terceiro trimestre fiscal da empresa, que termina em março. A reestruturação vai ser apoiada por uma verba de 1,2 mil milhões de dólares, a refletir nas contas do segundo trimestre, que vai fazer face a custos de indemnizações, alterações no portefólio de hardware e outros custos financeiros relacionados com a otimização de espaços de trabalho.
No ano passado, a Microsoft terá já avançado com algumas reduções de pessoal, mas menos significativas. Em 2022, a dona do Windows avançou com despedimentos em julho e em outubro, que afetaram menos de 1% dos mais de 200 mil colaboradores da empresa a nível mundial.
Nos últimos meses, segundo fontes próximas da empresa citadas pela Bloomberg, a Microsoft terá igualmente desistido de algumas posições que tinha em aberto, parando as novas contratações, mas, oficialmente, o que se sabia até agora é que em outubro de 2022 saíram 1.000 colaboradores em várias equipas.
Essa informação foi avançada primeiro pela Business Insider e pela Axios, em outubro, e mais tarde foi confirmada pela empresa. Os despedimentos afetaram diferentes departamentos da companhia, em diferentes regiões, incluindo nas áreas relacionadas com a consola Xbox, com o browser Edge e com o Windows.
Na nota divulgada esta quarta-feira frisa-se, no entanto, que a empresa não vai deixar de continuar a reforçar equipas nas áreas de crescimento. "É importante notar que embora estejamos a eliminar posições em algumas áreas, continuaremos a contratar em áreas estratégicas chave", refere Satya Nadella.
A onda de despedimentos em empresas de tecnologia já marcou a segunda metade de 2022 e continua em alta no início deste ano. Os nomes mais destacados nestas medidas de contenção são os da Meta, Amazon e Salesforce que, entre si, deram ordem de saída a 37.000 funcionários.
Os despedimentos anunciados pela Amazon e pela Salesforce foram comunicados já no início deste ano, o que a 6 de janeiro já fazia o primeiro mês do ano ultrapassar o número de despedimentos anunciados durante todo o mês de dezembro.
Em declarações à Reuters, Dan Romanoff da Morningstar, vê o suposto anúncio da Microsoft como um mau presságio para o sector nos próximos meses. "De uma perspetiva geral, outra ronda de despedimentos na Microsoft sugere que o ambiente não está a melhorar, e provavelmente continua a piorar."
Nota de Redação [15:40]: A notícia foi atualizada com informação da comunicação oficial da Microsoft, sobre os despedimentos que a empresa vai fazer nos próximos meses. Confirma o número de despedimentos e acrescenta declarações do CEO, Satya Nadella.
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