A cena tecnológica portuguesa é muito mais do que a presença das grandes multinacionais do sector em território luso. Além de nomes como a Microsoft, a Fujitsu e a Samsung, o tecido industrial tech português faz-se sobretudo das pequenas e médias empresas que daqui nascem para prosperar dentro e além fronteiras.

A WeDo Technologies é um bom exemplo desta última categoria. Fundada em 2000, na cidade de Braga, a tecnológica portuguesa cresceu, em quase 16 anos, o suficiente para conseguir comercializar o seu software em mais de 100 países e abrir escritórios em cinco continentes.

Esta quarta-feira, a WeDo inaugurou mais 500 metros quadrados de espaço, agora no Pólo Empresarial de Braga, aquela que será – pelo menos durante os próximos 10 anos, como foi revelado – a casa da nova software factory da empresa.

Para este novo espaço, Rui Paiva, CEO da empresa, definiu duas missões principais: produzir software e funcionar como nearshore aos clientes e funcionários norte-americanos.

A infraestrutura custou "meio milhão de euros mais uns trocos", disse Rui Paiva em conversa com o TeK. Um investimento que, além de capacitar a empresa com novos recursos, vai permitir criar 60 novos postos de trabalho, sendo que cinco deles vão ser ocupados por recém-formados do programa Qualifica I.T.

"É graças a empresas como a WeDo que a cidade de Braga tem conseguido reduzir, sucessivamente, a taxa de desemprego", disse Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga durante o evento de inauguração.

Para a WeDo, a software factory é também uma forma de agilizar processos e consolidar a aposta que a empresa tem feito na área da saúde e do retalho, uma transição que a WeDo quer complementar com a aquisição de empresas. Em conversa com o TeK, o CEO da tecnológica admitiu que a compra de uma pequena empresa está para breve e presa apenas "por alguns detalhes".

Quanto às soluções disponibilizadas pela empresa – software de revenue assurance e gestão de fraude, segmento no qual é líder mundial –, Rui Paiva admite ser necessária uma reformulação na forma como é comercializado. "Os nossos projetos são muito caros e demoram muito tempo a vender. Custam entre 250 mil e 500 mil euros e, apesar da nossa facturação ser estável (60 milhões por ano), é preciso reformular isto criando software mais barato", comentou o bracarense, que admite também a criação de modalidades de aluguer de software.

Outra das entidades que sai beneficiada com a presença da WeDo em Braga é a Universidade do Minho, de onde sairá a maior parte do conhecimento para compor os quadros da empresa.

Nesta inauguração, os responsáveis da empresa não pareceram recear o futuro. Este pareceu cheio de projetos e perspetivas otimistas que, a confirmarem-se, podem mesmo tornar a WeDo Technologies um "caso sério" do universo tecnológico mundial.