A análise, que incluiu este ano a avaliação de mais de 14.000 websites governamentais dos 27 Estados-Membros da UE, mostra que pontuação média na disponibilização de serviços online aumentou 5%, tanto para os cidadãos como para as empresas.

A IA desempenha um papel cada vez mais relevante nos serviços públicos digitais, com 43% dos portais a oferecerem apoio automatizado em tempo real, tipicamente através de chatbots, e 60% a disponibilizarem algum tipo de apoio direto.

Por outro lado, 57% dos sites das Administrações Públicas não cumprem ainda nenhum dos oito critérios de sucesso que fazem parte das Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdos Web (WCAG, na sigla em inglês), sendo este um valor que se mantém inalterado em comparação com o ano passado.

À medida que os serviços públicos digitais se expandem por toda a Europa, a cibersegurança continua a ser uma área crítica. Embora menos de 1% dos sites das Administrações Públicas cumpram atualmente todos os treze critérios básicos de cibersegurança, 45% dos testes de segurança ultrapassaram as metas estabelecidas. 

Além de se centrar em nove momentos-chave da vida dos cidadãos e das empresas, tais como a mudança de residência, a criação de uma empresa e o acesso a serviços de saúde, a 22.ª edição do eGovernment Benchmark conta com indicadores relativos à conformidade com o Single Digital Gateway.

Neste caso, a análise verificou que, atualmente, 93% dos processos estão disponíveis em plataformas digitais, o que demonstra um "progresso contínuo no que diz respeito à acessibilidade digital dos serviços públicos em toda a Europa", afirma a Capgemini.

Segundo os dados partilhados, os utilizadores nacionais, ou seja, os cidadãos que acedem aos serviços públicos dentro do seu próprio país, continuam a beneficiar mais dos avanços da digitalização e das confirmações dos serviços do que os utilizadores transfronteiriços.

O Once-Only Technical System (OOTS), que permite a recuperação automática de documentos de outro Estado-Membro e oferece aos cidadãos a possibilidade de efetuarem os processos administrativos sem terem de submeter repetidamente a mesma informação, ainda não está disponível na Europa. Porém, lançamento do  OOTS Acceleratormeter em outubro de 2024 permitiu lançar as bases dos serviços transfronteiriços futuros.

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O relatório detalha que a Europa está a meio caminho de cumprir as metas traçadas para Década Digital, onde se conta a disponibilização total em plataformas digitais de todos os serviços públicos para cidadãos e empresas até 2030. Apesar do progresso feito, o sector da saúde continua a ficar para trás recebendo a pontuação mais baixa na avaliação da disponibilidade online dos serviços públicos nos vários momentos-chave na vida dos cidadãos.

Citado em comunicado, Marc Reinhardt, Public Sector Global Industry Leader da Capgemini, afirma que "o ritmo acelerado da digitalização em toda a Europa revela a capacidade do sector público levar a cabo uma transformação abrangente quando os países constroem uma infraestrutura digital pública adequada que o permite".

"Os governos estão cada vez mais conscientes do papel crítico que os dados têm para o seu correto funcionamento e para assegurar que os cidadãos estão no centro da sua ação", indica o responsável, acrescentando que essa consciência se traduz em investimentos "na partilha de dados, fortemente apoiada por sistemas de IA, de forma a promoverem o uso eficiente da informação".

"Construir um setor público digital verdadeiramente inclusivo e eficiente, exige dos governos o lançamento das bases necessárias em matéria de dados que permitam a criação de serviços acessíveis, seguros e melhor organizados em torno das necessidades de cidadãos e empresas”, realça Marc Reinhardt.