A Associação Nacional das Empresas das Tecnologias de Informação e Electrónica agenda para o final do mês a divulgação dos primeiros resultados do trabalho de avaliação do Simplex pelo Observatório apresentado hoje.



O organismo, gerido pela associação mas aberto à participação de outras entidades, vai analisar primeiro a implementação e o impacto de um conjunto de 25 medidas consideradas mais importantes para o sector e posteriormente todas as 333 medidas do Simplex.



A primeira análise, mais restrita terá lugar no final de Julho, enquanto uma análise mais ampla - a todas as 333 medidas do Simplex - deverá produzir resultados em Setembro e Outubro e novamente em Janeiro de 2007, numa espécie de balanço final.



Rui Melo, presidente da associação, adiantou em conferência de imprensa que, de acordo com a análise da ANETIE, 12 das 25 medidas eleitas pela associação são muito complexas e portanto de difícil implementação. "Nove são complexas e 5 são de média complexidade", alinhou o responsável.



No que se refere às 333 medidas a análise já efectuada pela associação permite concluir que 10 por cento são muito complexas, 20 por cento são complexas, 50 por cento são de média complexidade e 20 por cento são de simples implementação.



A criação do Observatório pretende ser uma medida positiva de acompanhamento de uma iniciativa que é vista pela associação com bons olhos mas algumas reservas, conforme o TeK já tinha adiantado este fim-de-semana em entrevista ao responsável.



Sobre este assunto, Rui Melo voltou a explicar que a UCMA não tem orçamento e que por isso o sucesso das medidas está dependente do Orçamento dos ministérios, que é reduzido e pode não chegar para levar a cabo mesmo medidas simples como as alinhadas no Simplex.


Entre as 25 medidas que merecem especial atenção da ANETIE estão a Caixa Electrónica Postal, a Marca na Hora, o Diário da República electrónico ou a constituição de empresas online. Na opinião da associação mesmo as medidas já concretizadas devem merecer um olhar atento do Observatório que tentará perceber se a sua forma de implementação foi a mais adequada.



As reservas da ANETIE relativamente à concretização do Simplex e ao seu impacto no sector das TIC, que num primeiro momento a associação previu de 100 milhões de euros, passam também pela noção de que boa parte do necessário recurso às tecnologias - para implementar as medidas previstas - será satisfeito com os recursos internos de cada ministério.



Desta forma, a ANETIE considera que fica comprometida uma já muitas vezes adiada "reforma da arquitectura dos sistemas de informação do Estado", lembra Rui Melo.

Avaliação pelo ponto de vista do negócio

Maria Manuel Leitão Marques, coordenadora da UCMA, adiantou ao TeK que o ponto de vista da ANETIE é o do negócio, enquanto o Governo está focado no serviço ao cidadão e empresas, pelo que esta análise não surpreende. "A opção de usar os recursos internos, em vez de recorrer a serviços externos, desde que seja coroada de sucesso é mais interessante porque envolve menos recursos", afirma a coordenadora da Unidade que tem por missão acompanhar as medidas definidas no Simplex.



A UCMA apresentou esta manhã o balanço do primeiro trimestre que aponta para o cumprimento de 74 por cento das medidas que estavam definidas para estes primeiros meses do Simplex. Das 81 medidas calendarizadas pelos vários ministérios, 56 foram cumpridas, ficando 6 apenas parcialmente realizadas e sendo 19 outras recalendarizadas para outras datas.



Quanto à criação de um Observatório, Maria Manuel Leitão Marques considera a medida positiva mas duvida da independência do mesmo. "O controle deve ser independente e não feito por quem tem interesse no negócio", explicou ao TeK.



"Sabemos que ao longo dos anos muita contratação tem sido feita de serviços com poucos resultados visíveis para o cidadão [...] Há muito dinheiro gasto que não se reflecte na melhoria da organização da AP nem dos serviços para o cidadão" lembra ainda a coordenadora da UCMA.



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