O número de clientes da OutSystems continua a crescer e já ultrapassou os 1.000 e a par deste sucesso de novos projectos cresce um ecossistema de parceiros que a tecnológica portuguesa envolve para o desenvolvimento de aplicações e serviços de manutenção, numa simbiose que é vista como positiva pelos dois lados da equação.
“A OutSystems tem um ecossistema já com uma dimensão significativa”, explica em entrevista ao SAPO TEK Rui Pereira, Vice presidente da tecnológica portuguesa que recentemente atingiu o estatuto de unicórnio com uma valorização de mil milhões de dólares. E em Portugal há um movimento importante de empresas tecnológicas que estão a internacionalizar-se com base nas competências e experiência na plataforma, como nota Rui Pereira que brinca com o facto de a empresa ser a Autoeuropa do software pelo ecossistema que está a criar.
Esta dinâmica é bem visível no NextStep, o evento anual da OutSystems que decorre em Amesterdão, e onde por todo o lado se ouve falar português. Várias empresas portuguesas, ou unidades portuguesas de empresas internacionais, integram os painéis de debate e têm espaço de exposição, mas também marcam presença como participantes, acompanhando clientes e procurando novas oportunidades de negócio.
A nível global são 238 parceiros, e uma área do portal da OutSystem serve como guia para quem procura um parceiro de implementação, com a indicação do número de profissionais certificados, os projectos entregues e uma forma de estabelecer contacto direto. Só em Portugal estão listados 58 empresas, embora algumas sejam globais, um número que não corresponde à dimensão física do país e do mercado.
Catarina Santos, responsável de parcerias em Portugal, Espanha e França, lembra que por razões históricas o canal está mais desenvolvido em Portugal, e que também é aqui que estão os profissionais com mais experiência e “senioridade”. Existem três níveis de parceiros consoante a capacidade e abrangência de cada empresa, os Globais, Elite e Certificados, e e actualmente a OutSystems tem 8 parceiros Elite em Portugal que, para além de trabalharem o mercado interno, estão ativamente a internacionalizar o negócio, abrangendo várias geografias e acompanhando o crescimento nos países onde a tecnológica está a conquistar projectos mais rapidamente.
“As empresas portuguesas têm a vantagem de ter pessoas mais seniores em tecnologia e com mais experiência”, refere Catarina Santos, explicando que existe muita procura e que as equipas dos parceiros estão todas alocadas. “O nosso trabalho também é dar apoio e facilitar todos os contactos para a internacionalização em projectos onde há trabalho efectivo no local”, adianta.
Projetos nos quatro cantos do mundo
Entre as empresas presentes no NextStep não faltam casos de parceiros que estão a internacionalizar o negócio, com escritórios na Holanda, Estados Unidos, Brasil e outras localizações pelos quatro cantos do mundo. A Noesis é uma das empresas que mais tem crescido nestes projectos, mas também a TrueWind e a Do IT Lean têm histórias de sucesso para contar, com clientes fora de Portugal e perspectivas de alargar ainda mais os mercados onde já marcam presença.
No caso da Noesis a história com a OutSystems começou mesmo com o início da tecnológica, no primeiro projecto ainda na Optimus. Depois evoluiu da área de infraestruturas para os serviços e nos últimos 3 anos foi tomada a opção estratégica de internacionalizar. “Antecipámos o crescimento da OutSystems e decidimos percorrer este caminho de crescimento com a empresa”, explica Nuno Pacheco, responsável pela unidade da Noesis que tem 110 pessoas dedicadas a projectos na plataforma, de entre as 800 da empresa. Neste período a Noesis multiplicou por 4 a equipa e criou pólos na Holanda, Irlanda e Estados Unidos, fazendo actualmente mais de dois terços da faturação da unidade nos mercados internacionais.
A Holanda é o país onde a Noesis está há mais tempo, seguindo-se os Estadas Unidos no final de 2017 e a Irlanda já este ano. “Não é fácil para uma empresa portuguesa ser reconhecida internacionalmente e levar a sua marca para o local”, mas Nuno Pacheco sublinha que a empresa tem a uma estratégia assente em três eixos (pessoas, tecnologia e processos) que são uma ajuda importante nesta abordagem aos mercados internacionais e que contribui para ultrapassar as dificuldades de adaptação.
A Do IT Lean começou com os primeiros projectos nos Estados Unidos em 2013 mas Frederico Ferreira, fundador da empresa, afirma que 2016 foi o ano da explosão com a conquista de 15 novos clientes na região, entre EUA e Canadá. A empresa foi criada em 2009 sempre focada em exclusivo na tecnologia OutSystems e ao longo dos anos foi conseguindo alguns clientes isolados em alguns países, como a Polónia, UK, Espanha e mais tarde o Brasil. Atualmente os Estados Unidos, onde é parceira da OutSystems, já representam 30% da faturação e a Do IT Lean tem somado também prémios de reconhecimento pelos projectos realizados.
“Estamos a olhar para outros mercados, nomeadamente a Austrália, mas o foco são os Estados Unidos”, refere Francisco Ferreira adiantando porém que a política da actual administração torna difícil fixar colaboradores nos EUA.
Também a TrueWind tem uma história de crescimento fora de Portugal, com alguns casos de projectos de grande dimensão, como o da NHS no Reino Unido. A empresa começou a desenvolver para a plataforma OutSystems há mais de 10 anos e a decisão de internacionalizar começou com a aposta no Brasil, em 2012, seguindo-se o Reino Unido e os Estados Unidos, onde o mercado está a crescer muito rapidamente. João Campos, CEO da Truewind explicou ao SAPO TEK que a empresa tem dois delivery centers, um em Portugal e outro no Brasil, que envolvem 120 pessoas e com 50 profissionais certificados na tecnologia.
“Todo o crescimento é do negócio OutSystems. Continuamos a ter clientes de outros projectos, porque não se abandonam os amigos, mas é em OutSystems que temos crescimento, não só em Portugal mas especialmente no Reino Unido e Estados Unidos”, afirma João Campos.
De Portugal para o mundo numa empresa global
Mas este potencial de internacionalização de competências em OutSystems não acontece apenas em empresas portuguesas, e a Deloitte Portugal é um bom exemplo disso. A empresa criou um centro de competências OutSystems que actualmente serve outras unidades da consultora a nível global. “Já trabalhamos OutSystem na Deloitte desde 2007 mas a grande mudança foi em 2014 quando vimos o crescimento da plataforma e a oportunidade de investir”, explica César Marto, Associate Partner da área de Tecnologia. Atualmente este centro de competências é o que tem mais recursos certificados e César Marto sublinha a vantagem de uma marca global trabalhar com a tecnologia low code da OutSystems que assim pode chegar a clientes e múltiplos países.
No centro de excelência a Deloitte desenvolve projectos onsite, nearshore e híbridos, como é o caso de um projecto no Chile que está a ser desenvolvido pela equipa local em conjunto com a equipa de Portugal, mas há vários modelos possíveis na estratégia que passa por uma entrega end to end, com design, implementação e suporte.
Para além deste desenvolvimento à medida o centro de competências desenvolve ainda projectos experimentais, como a utilização de um robot e de uma pipa de vinho que está a mostrar no NextStep em Amesterdão e que podem trazer novas ideias de desenvolvimento de soluções.
“Estamos a trabalhar muito a qualidade e sucesso na entrega, que é muito importante para nós e para a OutSystems”, adianta ainda César Marto. O objetivo é agora duplicar a faturação nesta área.
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