A GfK fez uma análise do comportamento do mercado global dos bens tecnológicos desde o início da pandemia, salientando a forma como vai impactar os consumidores nos próximos anos. As necessidades das pessoas foram compensadas pelo uso de tecnologia, registando-se uma rutura completa dos padrões habituais. E isso refletiu-se no simples ato de comer, no entretenimento e claro, nas rotinas domésticas tais como a limpeza da casa, levando a mudanças no comportamento de compras dos consumidores.
A especialista avança que praticamente todos os produtos registaram uma subida, desde os notebooks que cresceu 31%, os tablets 41%, os headsets 34% e os televisores em 10%. A GfK salienta que à medida que a digitalização ganhou maior dimensão durante o último ano, como reflexo da pandemia, os consumidores sentiram igualmente a necessidade de adquirir produtos smart, fazendo o mercado crescer 24% em 2020, face a valores de 2019.
Da mesma forma que as vendas online se tornaram protagonistas do quotidiano das pessoas em 2020, também toda a experiência multicanal foi passada para o online, empurrado pelas redes sociais que transformaram a forma das compras dos consumidores. A GfK Portugal, nas palavras do seu diretor António Salvador, prevê uma nova aceleração na modernização do país, com projetos ligados às Empresas 4.0, Escola digital, Mobilidade Sustentável, assim como um aumento no investimento em projetos de qualificação e competências.
Necessidades domésticas catalisam a venda de eletrodomésticos, robots e produtos de bem-estar
O mercado dos eletrodomésticos foi também afetado em 2020, visto que a permanência em casa aumentou as necessidades dos portugueses e as diferentes categorias subiram. Os cuidados pessoais tiveram um bom desempenho, nomeadamente os kits de multigrooming com subida de 38%, seguindo-se os aparadores de barba em 37%. Só nesta categoria houve um aumento das vendas online em 16%. Os aparadores de cabelo subiram 80% em valor, assim como os produtos relacionados com o cuidado do cabelo, com um aumento de 12% face ao ano anterior.
Os robots de cozinha lideraram o crescimento na categoria de pequenos eletrodomésticos em 62%. As máquinas de café subiram 20%, as liquidificadoras 31%, batedeiras 33%. E o mesmo se passou com os grandes eletrodomésticos, com os frigoríficos com capacidade superior a 500 litros a registar um aumento de 29%, as máquinas de lavar roupa com capacidade superior a 9 kg com mais 26% e os fornos com mais de 70 litros a aumentar 16%, entre os que mais se destacaram em 2020.
No inquérito, 47% das pessoas dizem que é importante cuidarem de si regularmente, mesmo durante a pandemia, levando assim ao aumento da procura de produtos premium. Saúde, bem-estar, segurança e higiene são outras preocupações de 2020, levando ao crescimento de produtos de limpeza. Assim, os robots registaram um aumento de 81%, enquanto os aspiradores verticais 66%, que somados ultrapassaram o segmento até agora líder. O canal online já representa 21% do total de vendas em valor. Por fim, mesmo sem revelar o crescimento, destaca a procura das máquinas de limpeza a vapor.
No que diz respeito ao consumo de eletrónica, o estudo destaca o fraco crescimento das telecomunicações em Portugal, de apenas 1%, mesmo num cenário em que estas eram realmente necessárias e urgentes. Já os wearables cresceram 51%, assim como os headsets em 38%, muito impulsionados pela prática doméstica de exercício físico.
O volume de negócio do mercado de eletrónica de consumo registou até ao final de 2020 valores na ordem dos 446 milhões de euros, em linha com os valores dos outros países europeus, assim como o registo do mercado de 2019. E a GfK salienta que esta variação apenas não é negativa graças ao impulso dado pelo ensino à distância através da televisão, que registou um crescimento de 7%, tendo em 2020 sido responsável por 83% do volume total da faturação da eletrónica de consumo. E isso alavancou a venda de produtos ligados ao mercado do áudio, tais como sistemas de som, colunas e sound bars, que acompanharam o ritmo dos televisores.
Em direção oposta estão os negócios dependentes das atividades ao ar livre, eventos ou feiras, devido ao confinamento, que fizeram o mercado da fotografia e vídeo registar quedas superiores a 30%.
Na área da informática, acelerado pelo teletrabalho e telescola, Portugal registou um crescimento de 80%, um valor muito acima da média dos cinco principais países da Europa e China. Uma conclusão que a IDC também já tinha traçado para o país. No final de 2020, Portugal registou um volume de 660 milhões de euros, com um crescimento de 31%. A especialista diz que na Europa venderam-se 24 milhões de computadores portáteis, mais 23% de monitores e quase o dobro das webcams. Em Portugal as variações de crescimento são maiores, mas com comportamentos idênticos. Os portáteis cresceram 37% no final do ano, atingindo um puco máximo de cerca de 140% em abril. Já os monitores terminaram o ano com um crescimento de 71% face a 2019.
Em equipamentos do sector Smart Home, Portugal e Holanda foram os países com maiores crescimentos em 2020, com 29% e 35%, respetivamente. Registou-se ainda um aumento de novas marcas a vender produtos conectáveis, somando-se agora 266 nos seis principais mercados europeus. Ainda assim, refere que a maioria dos produtos inteligentes está numa fase inicial, tendo de lidar com a “barreira do abismo da adoção” entre os chamados early adopters e o consumidor comum.
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