A participação portuguesa na CeBIT resume-se este ano a apenas duas empresas que estão no certame por sua conta e risco. Durante mais de uma década as TIs nacionais contaram com o apoio do ICEP que, em parceria com a ANETIE, assegurava expositores de grande dimensão, agregadoras de várias empresas, que desta forma reduziam os custos de participação e asseguravam lugar na maior montra mundial do sector.



A falta de verbas e o número reduzido de participantes interessados que justificasse o investimento necessário para assegurar a presença conjunta - que no ano passado teria custado 124,6 mil euros - fizeram com que já em 2003 a entidade responsável pela promoção de Portugal no exterior e a Associação de Empresas de Tecnologias de Informação e Electrónica cessassem a sua parceria, acabando por contribuir para uma queda a pique da participação nacional de 14 para 3 empresas (entre 2002 e 2003).



Sem apoios externos, os custos de participação na feira têm um peso incontornável na decisão das empresas. Aos custos de aluguer do expositor que difere conforme o tamanho, tipo e localização, é necessário somar estadias e despesas de promoção e marketing dos produtos. No caso da NFive, Vítor Marques adianta que o investimento rondou os 40 a 50 mil euros.



Duas “resistentes”
Este ano repetem a experiência em Hannover apenas duas das participantes do ano passado. A NFive e a Microdados. Pelo caminho ficou a Soft99, que na edição de 2003 marcou presença pela primeira vez no certame, mas que este ano decidiu não renovar a experiência por razões que se prendem com a "estratégia comercial da empresa", explicou ao Tek Jaime Melancia, director de marketing da empresa.



Curiosamente, os dados da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã e da própria CeBIT mantêm a reserva da empresa portuguesa, que tomou a decisão de ficar fora do evento há vários meses.



Veterana na participação em eventos internacionais, a NFive está pelo oitavo ano consecutivo na CeBIT. A presença regular valeu no ano passado uma distinção da organização da feira, que premiou a regularidade de participação, símbolo da estabilidade da empresa.



A tecnológica da Ericeira encara a participação na CeBIT como essencial, para garantir visibilidade e melhorar a rede de contactos a nível internacional, e já faz planos para o próximo ano. Vítor Marques admite que a edição de 2004 está a decorrer de forma "bastante calma" e explica o facto com as semelhanças entre o sector da tecnologia e a própria sociedade para dizer que a retoma está a caminho, mas de forma lenta. Este ambiente económico é, na opinião do presidente da NFive, um dos principais factores para a pouca ousadia das empresas participantes nos produtos e novidades que levaram este ano ao evento.



Por seu lado, a NFive apresenta uma solução pioneira de impressão de cartões via rede e um kit de desenvolvimento para programadores, que permite desenvolver aplicações à medida para cartões de identificação automática, principal componente do negócio da empresa.



A Microdados participa pela terceira vez na feira para apresentar novidades relativamente aos seus principais produtos: terminais Ponto de Venda (POS) e máquinas registadoras inteligentes, que desenvolve desde 2001.



Redução significativa

A fraca participação nacional nos dois últimos anos contrasta com presenças acima da dezena nos quatro anos anteriores. Entre 1999 e 2002 o número de empresas nacionais participantes no evento variou entre 11 e 14, influenciado pela existência de expositores de grupo que absorviam a generalidade das empresas.



O número de visitantes portugueses que compra os bilhetes através da Câmara de Comércio Luso-Alemã, por seu lado, tem-se mantido relativamente homogéneo, tendo variado entre os 1500 e os 2000 nos quatro anos de presença nacional mais significativa. Em 2003 estiveram em Hannover 1800 visitantes portugueses, segundo números da Câmara do Comércio, representando um acréscimo de 50 visitantes face aos números apurados no ano anterior.



Nota de Redacção: [2004-03-29 12:56:00] A edição de 2004 da CeBIT contou com a participação de cinco empresas portuguesas e não duas, como noticiámos inicialmente com base em informações fornecidas pela Camâra de Comércio e Indústria Luso-Alemã. Esta entidade, envolvida na organização da feira e responsável pela sua ligação ao mercado português não dispunha de informação sobre as presenças da Solbi, Inosat e Central Casa. A primeira participou no evento através da sua unidade de negócio Trading, responsável pela área de exportação, apresentando em expositor próprio uma nova marca do grupo (Lifetech) para teclados, ratos e câmaras digitais que apresentará em Portugal brevemente. A Inosat e a Central Casa foram convidadas a integrar expositores de parceiros internacionais para divulvar as suas novidades na área da gestão de frotas através de GPS e domótica, respectivamente. Não afastamos ainda a hipótese de outras empresas terem estado na CeBiT em regime semelhante.



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