Tecnologias como a realidade virtual começam a ser cada vez mais usadas para apoiar a promoção turística. Várias regiões do país têm desenvolvido aplicações nesse sentido e Aveiro levou uma delas à Bolsa de Turismo de Lisboa, para convidar os visitantes a fazerem um passeio virtual de Moliceiro, um dos grandes símbolos turísticos da cidade.

O passeio, que é possível experimentar até domingo na FIL, tem uma duração de seis minutos. Com a ajuda de um headset Meta Quest 2, quem aceitar o desafio pode fazer uma viagem pela Ria sem sair da feira. O trajeto é o mesmo que percorreria na experiência real, embora em versão reduzida, já que o passeio real percorre os quatro principais canais da cidade e dura cerca de 45 minutos. Ainda assim, serve para ter a sensação de estar a bordo do moliceiro e desfrutar da vista da cidade, a partir da Ria, à medida que a viagem avança.

A viagem tem início no Canal de São Roque, com vista para os antigos palheiros de sal da cidade. No percurso é possível observar símbolos ,locais, como a Ponte de Carcavelos ou, já no centro, a zona do Rossio e a praça General Humberto Delgado. A caminho do Cais da Fonte Nova, onde termina o passeio, faz-se ainda a passagem pelo Edifício da Antiga Capitania do Porto de Aveiro, entre outros pontos de interesse. 

A experiência com o headset proporciona uma vista a 360º, que permite ir observando toda a envolvente e apreciar os detalhes arquitetónicos da cidade, como aconteceria numa viagem in loco. O viajante virtual está numa posição elevada, a meio da embarcação, e por isso também consegue observar os detalhes do interior do Moliceiro e os companheiros que faziam a mesma viagem quando as imagens foram captadas. Na feira, o viajante senta-se na réplica de parte de um moliceiro e é aí que segue viagem.

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Em declarações ao SAPO TeK, Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, explicou que a proposta de passeio virtual trazida à BTL é um dos exemplos do trabalho que a autarquia tem vindo a fazer com o ecossistema de inovação do concelho.

Explica que, há quatro anos, o município definiu uma estratégia para “pôr estes dois mundo a trabalhar em conjunto e ter empresas de hardware e software [da região] a trabalharem connosco o território, de forma a podermos disponibilizá-lo através de plataformas digitais”. O objetivo “não é exatamente que as pessoas visitem Aveiro por essa via, mas que conheçam Aveiro por essa via, fazendo desta uma forma diferente de convidá-las a ir fisicamente ao território”.

Ribau Esteves garante que a aposta em soluções e recursos digitais de promoção do concelho já dá frutos, sobretudo junto de novos mercados para a região.

“Aveiro continua a ser um destino turístico de portugueses, espanhóis e franceses, que se conquistam à moda antiga, como costumo dizer, mas hoje conquistamos outras nacionalidades, do norte da Europa, do norte da América, Japão, Austrália ou Coreia do Sul e estes instrumentos cumprem aí um papel da maior relevância”.

A aposta, em soluções tecnológicas de promoção turística é para continuar, garante, com o objetivo de ir envolvendo cada vez mais o ecossistema de empresas da região, casa do Altice Labs, da Universidade de Aveiro e do Instituto de Telecomunicações, que são âncoras deste ecossistema. “Não estamos a comprar prestações de serviços, estamos a usar o ecossistema que temos em Aveiro para exponenciar esta relação entre cultura, património e promoção do território com a tecnologia”, remata o autarca.

O stand de Aveiro está integrado no expositor da região Centro, região convidada da feira este ano, e localiza-se logo no pavilhão 1 da Feira de Exposições de Lisboa.

Tecnologia para estimular os sentidos ganha espaço na feira do turismo

Ainda no pavilhão 1 da BTL, a Madeira, no seu stand de 500 m2, também faz uma aposta forte em tecnologia, sobretudo imagem, que pretende levar os visitantes a “Viver a Madeira por inteiro”, tema do expositor. Os visitantes são convidados a fazer um percurso com várias paragens, para conhecer diferentes atrações das duas principais ilhas do arquipélago, do fundo do mar às paisagens. Um dos pontos altos do trajeto é um miradouro com imagens em HD de Porto Santo em pano de fundo, onde os visitantes podem tirar uma foto, como se estivessem no local.

A componente digital também se destaca no espaço de exposição da região de Coimbra, que faz lembrar um enorme balcão de check-in de um hotel, com referências destacadas a todos os concelhos da região. Ali não há papel, uma das premissas do stand é ser uma montra completamente digital e um exemplo da aposta da região na sustentabilidade, num conceito pensado para a BTL, mas sobretudo também para dar nas vistas em feiras internacionais, como admitia Emílio Torrão, presidente da CIM da região de Coimbra, em entrevista ao Diário das Beiras na quarta-feira. Quem visitar o stand e quiser receber informação sobre a região vai vê-la em tablets, ou através de códigos QR, por exemplo.

Num dos topos do expositor é possível entrar numa sala e participar nas sessões Black Box, que decorrem a cada 20 minutos. Lá dentro é exibido um vídeo de cerca de 5 minutos, animado com diferentes elementos sensoriais e imagens dos melhores argumentos da região para cativar visitantes.

Não muito longe, ainda no pavilhão 2, está o expositor do Museu Portugal Romano em Sicó. O Museu é em Condeixa-a-Nova e propõe ao visitante uma viagem no tempo, até à época do império romano, apoiada em diferentes recursos digitais e interativos. Diferentes experiências ajudam a retratar a vida e os feitos da altura, uma delas numa sala imersiva, replicada na feira em versão mini.

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A vertente multimédia é explorada com algum destaque também noutros stands da feira, como o das Terras de Trás-os-Montes, que exibe imagens de atrações turísticas emblemáticas da região, em grandes ecrãs. A Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela também anuncia a possibilidade de, a partir de realidade virtual e imagens 360º, transportar quem visita a feira até à região, proposta que não conseguimos experimentar.

Os amantes dos ralis ainda podem encontrar no expositor do Turismo do Porto e Norte de Portugal, na área de promoção de Fafe, um simulador da experiência de condução de um carro de rali. Os amantes dos brindes vão encontrar algumas máquinas de sorteio automático de presentes, que prometem filas para os dias de BTL abertos ao público - já no dia da abertura da feira, ainda restrito a profissionais, estavam a gerar alguma curiosidade.

A BTL acolhe ainda a BTL Lab, um espaço dedicado a empresas com soluções tecnológicas, que a organização garante que tem vindo a crescer, mas que ainda se destaca pouco no meio da cor, luz e sabores trazidos à feira pelas diferentes regiões do país e por alguns destinos internacionais como o Brasil, com uma grande representação, ou a Tunísia, país convidado.