As compras online em sites portugueses têm aumentado e, apesar da "resistência", os gestores "estão cada vez mais permeáveis à transformação digital das suas estruturas". A garantia é de António Alegre, CEO das Páginas Amarelas, que, em entrevista ao SAPO TeK, destaca a importância da literacia digital para as pequenas e médias empresas (PME), realçando que a aposta tem de ir muito mais além do que apenas a criação ou manutenção de um website ou loja online.
Para o CEO da agência que gere 7.500 clientes com plataformas online, apenas uma parcela dos clientes da empresa, uma estratégia de promoção é fundamental na área do marketing digital. “Ter um website/loja online sem o promover é como ter uma loja no piso -5 de um parque de estacionamento: ou nos destacamos ou ninguém sabe que existimos". Por isso, defende que "a presença digital não começa e acaba no desenvolvimento de um website".
"Conhecer as ferramentas, assim como as técnicas, e tirar partido das oportunidades que geram é fundamental para a sustentabilidade das estruturas e para a geração de uma workforce voltada para o futuro dos negócios", garante o CEO das Páginas Amarelas.
António Alegre explica que qualquer "montra online" tem de estar ligada a plataformas sociais, espaço publicitário e até a um sistema de gestão integrada de leads, que centralize os pedidos em vários equipamentos e que possibilite respostas ágeis. E é sobretudo em negócios mais pequenos que esta estratégia tem mais impacto, refere.
É neste contexto que António Alegre acredita que a literacia digital coloca as empresas no "caminho certo", estimulando tanto a produtividade, como a criatividade e o crescimento. Algo que, na sua opinião, tem sido uma aposta de empresas de todas as dimensões, mas com mais benefícios para as PMEs.
Estratégias de marketing digital beneficiam sobretudo as PMEs
Apesar de considerar que Portugal ainda está muito longe de ser considerada uma “nação digital”, o CEO da agência considera que as empresas, tanto as de nome individual como multinacionais, têm apostado no marketing digital, com base nos clientes das Páginas Amarelas. No entanto, são as PMEs quem precisam mais de apoio.
“Para a maioria das PMEs portuguesas, o desenho de uma estratégia de marketing, o desenvolvimento de um website, a gestão de campanhas de performance (Google, Facebook), a gestão profissional de redes sociais, são tudo terreno inexplorado”. E, por isso, explica, precisam de acompanhamento de especialistas.
Essa tendência tem-se verificado sobretudo com a pandemia. A partir do momento em que as lojas físicas tiveram de fechar portas, foi evidente o crescimento dos pedidos de lojas com pagamentos online. “Dentro do portfólio de 7.500 clientes da Páginas Amarelas com website, a subida foi de 10 vezes, tendo sido um dos serviços mais procurados pelas PMEs”, com os números referentes ao primeiro semestre de 2020.
“Penso que o facto de termos associado a loja online aos sites existentes sem qualquer custo adicional fez com que muitas empresas dessem mais um passo no seu processo de transformação digital”, refere.
Durante a pandemia, as empresas passaram também a utilizar mais ferramentas de gestão de interação com os clientes, como os cupões, o email marketing e o gestor de contactos. “Uma tendência que aponta para uma preocupação e foco das empresas na retenção dos clientes”, na perspetiva de António Alegre.
“Como angariar um cliente novo é significativamente mais caro do que reter um satisfeito, essa perceção está agora muito mais latente nas estratégias das empresas, que investem cada vez mais para os manter fidelizados e no centro da sua atenção”, conclui.
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