Os números previstos de entregas de portáteis do programa e-Escolas para este ano e para os três anos de duração da iniciativa vão ter um impacto importante nos números de notebooks instalados e vendidos em Portugal, podendo também provocar mudanças na liderança deste segmento.

No ano passado os números da IDC apontam para vendas de mais de 440 mil equipamentos, num crescimento de 44,5 por cento, uma taxa elevada que se tem registados nos últimos anos. Já no primeiro semestre foram comercializados mais de 215 mil notebooks, mais de 100 mil dos quais se referem ao segundo trimestre, um número igual ao que a TMN pretende entregar até final do ano a alunos, professores e formandos das Novas Oportunidades, um valor a que se somam os 5 mil que a Vodafone admite que distribuirá "na primeira fase" e as dezenas de milhares que estão previstas nos planos da Optimus.

É esta nova contabilidade que tem potencial de "insuflar" os valores de portáteis vendidos, com o factor adicional do actual líder de vendas não ter estabelecido parcerias com nenhum dos operadores móveis. A TMN já comunicou que vai avançar com a Fujitsu Siemens, de quem são os cerca de 5 mil equipamentos já entregues, mas que vai alargar a oferta em Outubro com portáteis Toshiba.

A marca de origem japonesa é a única que mantém parcerias com os três operadores e fornece os equipamentos propostos desde já pela Vodafone e Optimus. Jorge Borges, director de marketing da Toshiba Portugal não adianta números contratados pelas operadoras, mas admitiu ao TeK que vai entregar "algumas dezenas de milhar de equipamentos".

Questionado quando ao impacto deste projecto nas vendas de portáteis, Jorge Borges diz que "pela dimensão deste projecto em termos de mercado potencial, obviamente que terá impacto considerável, apesar dos fornecimentos serem espaçados no tempo" e adianta que em breve serão divulgadas as estimativas de vendas anuais da Toshiba Portugal onde já será considerado este projecto.

Do lado da Fujitsu Siemens as expectativas são semelhantes "sendo a Fujitsu Siemens Computers o principal fabricante envolvido neste projecto, esperamos um impacto significativo no volume de negócio, quer em facturação como em número de unidades vendidas, pretendendo duplicar a nossa actual quota de mercado", declarou fonte da empresa ao TeK.

Embora ainda não tenha nenhum contrato com os operadores, a JP Sá Couto apresentou uma proposta e as estimativas apontam para impactos nas vendas de 20 por cento, baseado no número que a empresa considera adequado para fornecer em 2007, caso se concretize a parceria, diz Jorge Sá Couto, presidente da empresa que detém a marca Tsunami.

Jorge Borges e Jorge Sá Couto acreditam também que para além do impacto esperado nas vendas de quem tem contratos com os operadores, a iniciativa irá alargar mercado, uma ideia partilhada por Maia Nogueira, presidente da Solbi, que explica ao TeK que o e-Escolas "motiva um primeiro contacto de muitos utilizadores com as novas tecnologias e, muitos deles, irão obviamente adquirir novos portáteis quando os seus sistemas actuais ficarem obsoletos".

Jorge Borges mostra-se porém mais cauteloso, reforçando a ideia de que muitos alunos e professores provavelmente não iriam adquirir computador portátil nesta fase se não fosse o programa, mas sublinha que ainda é cedo para saber qual o impacto no mercado nacional de portáteis.

Liderança em causa

Em termos da liderança dos números de vendas o programa poderá abanar o primeiro lugar da HP, que até agora não tem nenhuma parceria assinada com os operadores. No segundo trimestre do ano a empresa vendeu 27 mil equipamentos e distanciou-se da Toshiba, em segunda posição, que comercializou 19,6 mil notebooks nestes três meses. Com a adição de "dezenas de milhar" de equipamentos aos números de vendas habituais é possível que a Toshiba Portugal volte ao primeiro lugar do ranking, onde já esteve em anos anteriores.

Por outro lado a Fujitsu Siemens, que se encontrava em sexto lugar com vendas de 4 mil unidades no segundo trimestre poderá ser catapultada para as primeiras posições, sobretudo se forem cumpridas as entregas de 100 mil equipamentos acordados com a TMN até final do ano.

Rentabilidade reduzida

Apesar deste ser um negócio com números elevados, a rentabilidade é reduzida, como já tinha sido adiantado por Marcos Sousa, Director Geral da Fujitsu Siemens Computers em Portugal. "Todos os negócios de grande volume têm que ser muito eficazes do ponto de vista logístico beneficiando da economia de escalas na cadeia de valor. A rentabilidade dum projecto destes será sempre diminuta por isso a gestão local assume bastante preponderância na preparação e elaboração de um projecto simples evitando erros desnecessários".

Jorge Sá Couto acrescenta ainda a ideia de que "este é um negócio de muito trabalho e perseverança. A margem é mínima, compensada obviamente com a força de marketing das operadoras móveis. Não é, ao contrário do que se julga, um negócio só de preço; existem muitas outras componentes que têm que ser ponderadas".

Fátima Caçador

Nota da Redacção A notícia foi corrigida em alguns números de vendas relativos ao primeiro semestre do ano e mais especificamente ao segundo trimestre (entre Abril e Junho). De forma errada na primeira versão da notícia não tinha sido feita a distinção entre os dois períodos diferentes de avaliação das vendas.

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