O conceito de feira está a mudar. Hoje já não interessa só ter um espaço cheio de público, mas cada vez mais ter visitantes com interesse nos produtos ou serviços que ali estão a ser mostrados. Sejam compradores directos, sejam os "compradores de amanhã", com explicou ao TeK Javier Galiana, director-geral da Feira Internacional de Lisboa.

É aliás isso que a organização garante ter tentado fazer com este evento, que é uma espécie de evolução do Por Ti e uma descolagem das tentativas anteriores de levar o sector das TI a expor na FIL. Um evento bem dirigido e que também pretende dar às empresas a oportunidade de auscultar o mercado e contactar com os concorrentes e os gestores dos projectos públicos que ali também se fazem representar. Aos visitantes dar a oportunidade de ver inovação, garantida pela presença dos fabricantes das próprias soluções e dos autores dos projectos que usamos ou usaremos no dia-a-dia.

É na especialização que Xavier Galiana acredita estar o futuro das feiras, uma especialização que tende a dar mais retorno às empresas pela participação nos eventos, mas esse será um retorno com custos. Ou seja, defende o responsável que a tendência não é de diminuição dos preços a pagar para estar presente na feira, mas de aumento. Um aumento que tende a evoluir na medida do retorno que se pode oferecer aos participantes.

As últimas tentativas de realizar feiras tecnológicas em Portugal foram criticadas pelas empresas, presentes e ausentes, relativamente aos preços cobrados pelos organizadores. Os valores pagos e baixo retorno contribuíram para a decisão de muitas deixarem de marcar presença nos certames.

Xavier Galiana sublinha que a "orientação da FIL não é para o lucro, mas também não pode perder dinheiro" e sublinha que organizar uma feira começa muito antes de esticar a alcatifa dos pavilhões. É necessário fazer um investimento em marketing, promoção e decoração que a presença de cada empresa participantes só cobre em cerca de 20 por cento.

Nesta primeira edição do Portugal Tecnológico várias empresas contactadas pelo TeK mostraram-se entusiasmadas com a presença no evento e consideraram-no bem estruturado. Ao nível dos preços também consideraram os valores adequados. Importa no entanto referir que a parceria com o Estado neste novo modelo de feira tecnológica se traduz nas presenças públicas, mas sobretudo em apoio financeiro sustentado em fundos comunitários. Uma mistura que Xavier Galiana considera com os ingredientes certos para resultar, desde que mantenha o apoio do Estado.




Cristina A. Ferreira