“É um grande orgulho apresentar estes resultados”, foi desta forma que João Martins, o administrador da Cilnet, começou a apresentação de contas da empresa aos meios de comunicação social. Se 2016 havia sido o melhor ano de faturação, na casa dos 17,7 milhões de euros, 2017 fica marcado pelo crescimento de 23% de rentabilidade. A tecnológica portuguesa, especialista em serviços de engenharia na área das TI, mudou o foco, fazendo uma espécie de reset na sua estratégia, resultando em números que deixaram a administração satisfeita com novo caminho.
A faturação diminuiu 10%, para 15,981 milhões de euros, menos 1,686 milhões que o ano passado, mas isso deveu-se à estratégia de corte da venda de equipamentos, gerando uma faturação de 9,881 milhões de euros, -19% em relação a 2016. O novo foco da empresa é a prestação de serviços que lhe permitiu um encaixe de 6,1 milhões de euros, o que equivale a um crescimento de 13%. Mesmo tendo em conta a óbvia diminuição nos serviços de instalação dos equipamentos.
“A faturação reduziu porque fomos mais criteriosos, escolhemos negócios com margem e rentabilidade, e principalmente, a grande diferença, é que as vendas, as a service, são diluídas no tempo”, refere João Martins, para explicar que quando um serviço é faturado, é repartido em mensalidades a quatro ou cinco anos, e é costume apenas reconhecer a faturação inicial dessa venda. Ao contrário de um serviço Premium, em que se vende e fatura logo passado 30 ou 60 dias. A nova estratégia da empresa é diluir a faturação em concordância com os meses efetivos dos contratos, caso contrário, os números seriam iguais ou superiores aos apresentados no ano passado.
“A faturação é uma vaidade, o nosso foco a partir de agora é o profit, a riqueza gerada para os acionistas”. Esta é a nova máxima da Cilnet, resultando então no crescimento dos 23% da rentabilidade e 16% de resultados operacionais (EBITDA), como explicou o administrador da empresa. Com esta estratégia a empresa diz ter garantido riqueza para o novo ano, mas também para o futuro, tendo contratos para os próximos cinco anos.
Eduardo Matos, um dos acionistas da empresa, explicou que o ano passado houve um crescimento de custos em 4%, 316,8 mil euros face ao ano anterior relacionado com o recrutamento de mais funcionários. A empresa conta agora com cerca de 70 pessoas nos quadros.
A área de negócio que obteve maior destaque foram os Serviços Geridos, com um crescimento de 50% face aos 17% do ano passado. Segundo explicou Miguel Borges, administrador responsável por esta área ao SAPO TEK, o crescimento está relacionado com o contato permanente da empresa com os seus clientes. “Antigamente implementávamos o projeto e saíamos. Neste momento implementamos e continuamos a gerir todas as plataformas que o cliente tem nossas e ajudamos a pensar o futuro do serviço TI e que novas soluções concedem mais valias ao seu negócio”.
Além de implementar, a Cilnet também passa a gerir e monitorizar a parte das redes, servidores e aplicações, alocando a tecnologia necessária, as pessoas e os processos. Na sua lista de clientes constam a Câmara de Mafra ou a Parvalorem, onde a Cilnet atua na gestão de toda a infraestrutura, as máquinas virtuais (clouds privadas), assim como as componentes de gestão diária como os antivírus, os backups, etc.
Considerado então o “ano zero” para a empresa, os serviços são o maior foco da empresa para o futuro. As principais áreas são a clouds privada, o Wi-Fi as a service e o desenvolvimento aplicacional. Os clientes deixaram de querer comprar máquinas, preferindo a adoção de serviços diferenciadores propostos pela Cilnet, como é o exemplo da Cofidis, cujo negócio são os call centers, logo são encontradas soluções únicas para a empresa.
João Martins afirma que embora seja o “ano zero”, a estabilização da empresa dá uma boa margem para evoluir, sobretudo devido à faturação garantida para os próximos anos. Dessa forma, a estratégia para 2018 passa pela criação de duas novas empresas, uma de virtualização focada nos desktops virtuais e no aumento do portefólio dos serviços geridos. A Cilnet está a ultimar os detalhes da formação da empresa, prevista para o próximo mês, sendo o seu anúncio formal guardado para mais tarde.
A segunda empresa está centrada na área da segurança, ambicionando ser uma referência na cibersegurança. Invés de a criar do zero, a Cilnet está no mercado à procura de uma empresa da área para aquisição, se possível durante este ano. O objetivo é garantir serviços de segurança aos clientes já existentes, mas também responder às novas necessidades do mercado, sobretudo com olhos postos na Internet das Coisas. A empresa vai criar um departamento IoT, mas ainda está a estudar e a compreender esta nova área de negócio.
Apesar do investimento previsto, a empresa espera um crescimento de 20% de rentabilidade para 2018, proveniente da expansão do portefólio dos serviços geridos, um aumento na área do desenvolvimento aplicacional e a consolidação da oferta de serviços “cloud”.
Durante 2017 a empresa fez uma prospeção pelo mercado europeu na sua estratégia de internacionalização, tendo identificado os países onde espera atuar: Noruega, Suíça, o Reino Unido e o norte da Europa, assim como a Espanha pela sua proximidade. A Cilnet pretende continuar a operar em Portugal, sendo a sua expansão internacional feita através de parcerias locais. “Depois de provar as nossas capacidades de implementação de serviços pela Europa e relações com parceiros e clientes, a nossa expectativa é criar um centro de nearshore em Portugal, para suportar alguns serviços geridos internacionais”, explicou Miguel Borges.
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