A menos de 100 dias da entrada em circulação da nova moeda, os operadores de telecomunicações e os ISP (Internet Service Providers) portugueses, após longos meses de preparação, vão começar a emitir facturas em euros, adoptando os critérios de conversão preconizados na legislação em vigor. O TeK procurou saber como têm decorrido as operações e quais as repercussões a esperar já a partir da próxima Segunda-feira.



O Grupo PT está em processo de transição para o euro desde 1997, segundo informação veiculada a partir do site da PT Comunicações, e todas as empresas do grupo, nomeadamente a Portugal Telecom, Telepac e TMN, passarão a emitir as suas facturas em euros a partir do próximo dia 1 de Outubro.



Embora a transição para o euro naquela operadora esteja a decorrer desde 1998, a TMN iniciou a implementação das acções preparatórias há alguns meses, "sem perturbações de maior à actividade da empresa" e neste momento "os tarifários em euros estão aprovados".



O gabinete de comunicação da TMN explica que foram realizadas acções de formação nas áreas de contacto com o cliente e a partir do dia 1 de Outubro todas as lojas e call centres TMN estarão aptos a elucidar os clientes nas dúvidas relativas ao euro, no que respeita à facturação, pagamentos e preços.



Para além disso, foi enviada a todos os clientes informação por correio a explicar o que irá mudar. Os valores mencionados nas facturas referentes às comunicações de Setembro já serão em euros. Em escudos surgirão apenas os contra-valores do total a pagar sem IVA, o total do imposto e o total a pagar com IVA. A parte detalhada da factura passará a ser divulgado em euros.



Como a taxação de chamadas passa a ser efectuada em euros, os carregamentos e pagamentos realizados através das caixas Multibanco, telecarregamento e débito em conta também será realizada na mesma moeda.



Até ao dia 28 de Fevereiro de 2002, data em que termina o período previsto para a "dupla circulação", a TMN garante que os valores referentes aos tarifários e ao saldo serão sempre apresentados nas duas moedas, ou seja, quando os clientes ligarem para o número TMN que os informa sobre o saldo em carteira, primeiro é apresentado o valor em euros (com duas casa décimais) e depois o contra-valor em escudos.



Conversão para o Euro sem sobressaltos


O fornecedor de acesso à Internet do Grupo PT, a Telepac, informou os seus clientes da mudança que ocorrerá na próxima semana, utilizando o correio electrónico e os clientes receberão mais dados acerca do assunto com a factura relativa às comunicações de Setembro.



Segundo o ISP, as facturas emitidas a partir dessa data apresentarão os valores de acordo com o novo sistema monetário, ainda que nelas conste sempre o respectivo contra-valor em escudos.



Em comunicado, a Telepac explica que os preçários de todos os produtos e serviços em euros, em vigor a partir de 1 de Outubro de 2001, resultam da simples conversão das anteriores tarifas em escudos, aplicando a taxa de conversão definida legalmente.



"O arredondamento e feito a 2 casas décimais e de acordo com as regras legais: por defeito, se o dígito a seguir ao número de casas decimais para as quais se pretende fazer o arredondamento for menor do que 5, e por excesso se for igual ou maior do que 5", pode ler-se.



Armandino Geraldes, do departamento de comunicação da ONI, por sua vez, revela que a conversão para o euro foi feita sem sobressaltos e com ponderação naquela empresa e que o processo decorre desde o início de Junho. Houve a preocupação de efectuar desde logo a redenominação do capital social para euros, a formação dos colaboradores e a harmonização da dupla fixação de preços em todas as empresas do grupo.



Acerca das preocupações sobre alteração do preçário ONI devido à mudança da moeda, Armandino Geraldes justifica "que não vai acontecer isso e que os clientes podem ter a certeza que a qualidade do serviço estará sempre aliada a melhores preços". A Oni pretende ainda monitorizar e acompanhar as dúvidas dos clientes e acredita que as pessoas irão ter uma boa adaptação ao euro, "a partir do momento em este entre em vigor como moeda única", afirmou Armandino Geraldes.



Harmonizar as moedas e os processos


Na Telecel Vodafone criou-se um grupo de trabalho, em funções desde inícios de 1998, para acompanhar a introdução do euro no seio da empresa e nas suas relações com o exterior. Este esforço de actualização dos sistemas e conducente à harmonização monetária teve um custo contabilizado até ao final de Março de 2001 de cerca de 245 mil contos (1,2 milhões de euros), incluindo alterações de software, formação e campanhas de comunicação, de acordo com o gabinete de comunicação da operadora.



O euro será adoptado como moeda escritural e de informação até ao final de Outubro de 2001, ou seja, só a partir de Novembro a Telecel Vodafone passará a comunicar as transacções em euros aos clientes, fornecedores e entidades públicas. De igual modo recibos, facturas e outros documentos, irão manter a dupla apresentação de valores em euros e escudos até 28 de Fevereiro de 2002.


A Novis sempre apresentou facturas que referiam as duas moedas, desde o início da sua actividade, embora a partir de 1 de Outubro surjam no detalhe da facturação euros, com quatro casas decimais, para permitir o máximo rigor das conversões. Mas tal como todos os outros operadores, também a Novis optou para expressar no montante total o contra-valor em escudos, constituindo ainda um gabinete exclusivamente dedicado às questões ligadas à transição e um programa de formação específico para os colaboradores.



Joana Seixas, directora de Comunicação e Relações Públicas da Novis, explica que "a mudança do sistema de conversões foi efectuada entre o dia 10 e 17 de Setembro e estava a ser preparada desde o início das operações da empresa, tendo sido mais intensa nos últimos três meses", para que a partir do dia 1 de Outubro tudo estivesse funcional.

Patrícia Calé
e Dulce Mourato



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