Robyn Denholm vendeu 198 milhões de dólares (177 milhões de euros) em ações da fabricante automóvel só nos últimos seis meses, informou o New York Times. O jornal sublinhou que as vendas decorreram num período em que o diretor executivo da Tesla, Elon Musk, pedia aos funcionários que não se desfizessem das ações.

Até agora, este ano, as ações da Tesla perderam 11,9% do seu valor, ou 45,21 dólares (40,4 euros). Em março, após uma queda acentuada dos preços das ações, Musk pediu aos funcionários da empresa que mantivessem as ações.

Desde que Denholm foi nomeada presidente do conselho de administração da Tesla, no final de 2018, a executiva vendeu 530 milhões de dólares (474 milhões de euros) em ações da empresa.

Entre 2014 e 2020, Denholm foi recompensada com opções sobre ações que lhe permitiram, na semana passada, comprar mais de 112 mil ações por 24,73 dólares (22,1 euros) cada e vendê-las no mesmo dia por mais de 270 dólares (241 euros). O New York Times acrescentou que a venda imediata de ações pode ser interpretada como uma falta de confiança nas perspetivas futuras da Tesla.

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No total, Denholm vendeu mais de 1,4 milhões de ações, detém 85 mil ações e tem opções sobre outras 49 mil, informou o jornal.

Durante o mandato de Denholm, o conselho de administração da Tesla autorizou o pagamento a Musk da maior compensação empresarial na história dos Estados Unidos, avaliado em dezenas de milhares de milhões de euros. O pagamento foi suspenso por um juiz do Delaware (nordeste) que criticou a forma como o conselho de administração da Tesla funciona.

Em 23 de abril, Musk garantiu que iria, a partir de maio, "dedicar mais tempo à Tesla" e muito menos tempo ao Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), criado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para reduzir despesas federais.

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O anúncio do bilionário surgiu no dia em que a Tesla apresentou resultados do primeiro trimestre que ficaram aquém das expectativas, afetados em particular pela estreita colaboração de Elon Musk com a administração Trump. A Tesla tem estado sob ataque nos Estados Unidos e noutros países, afetada por atos vandalismo, pedidos de boicote ou protestos.

As vendas globais da empresa caíram mais acentuadamente do que o esperado no primeiro trimestre, com apenas 336.681 veículos entregues (menos 13% em termos homólogos), de acordo com números publicados no início de abril.

"Como sabemos, houve repercussões por causa do meu tempo no governo", admitiu Musk em abril.

As vendas da Tesla na União Europeia caíram 45% no primeiro trimestre do ano em termos homólogos, apesar do total de matrículas de carros elétricos ter aumentado em média 12%, de acordo com a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis.

A Tesla acaba de lançar um novo modelo, o Tesla Model Y que é mais barato e vai estar disponível em breve nos Estados Unidos. O automóvel tem uma autonomia de 574 quilómetros, contando com um motor no eixo traseiro. Tem uma capacidade de aceleração dos 0-100 em 5,4 segundos, sendo um pouco mais lento que a versão AWD (tração às quatro rodas), que arranca em 4,6 segundos. Mas também é mais económico, oferecendo mais autonomia, que os 526 quilómetros do AWD.

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