As organizações em Portugal vão investir cerca de 11,5 mil milhões de euros em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) ao longo de 2023, de acordo com as estimativas da IDC. O valor deverá continuar a crescer nos próximos anos, atingindo os 12,9 milhões de euros até 2026.

A subida registada vai fazer-se a uma taxa anual composta (CAGR), a cinco anos, de 4,1% até 2026, ainda assim abaixo da média europeia que se situa nos 5,4%, revelam ainda os dados do “Worldwide ICT Spending Guide: Enterprise and SMB by Industry”.

Apesar dos desafios macroeconómicos em curso, incluindo o impacto da guerra Rússia-Ucrânia, dos preços elevados da energia e do aumento das taxas de juro, espera-se que os gastos com as TIC em Portugal continuem a crescer e que venham a ser impulsionados por indústrias como a do consumo final, o setor bancário e os serviços profissionais, aponta a IDC com base no relatório.

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) continuará a apoiar os investimentos públicos, mas o atraso na implementação do PRR vai acabar por se manter, mesmo com alguma recuperação ao longo de 2023. O produto interno bruto (PIB) do país deverá crescer cerca de 1,0%, em 2023. E, embora os preços grossistas da energia tenham diminuído recentemente, e o sentimento económico tenha melhorado, as perspetivas de crescimento para permanecem moderadas devido às incertezas em torno dos custos da energia, quer para consumidores como para empresas.

"Espera-se que a inflação e os preços da energia permaneçam elevados, e isso continuará a afetar os orçamentos de TI em Portugal", disse Andrea Minonne, research manager da IDC Data & Analytics.

Isso não impede que Portugal continue "fortemente comprometido com a transformação digital e com o financiamento de investimentos, e as reformas em áreas como a transformação digital e a indústria, incluindo transportes e saúde, e as tecnologias digitais vão continuar a impulsionar o crescimento em todo o mercado das TIC", acrescentou o consultor.

A IDC acredita que as plataformas ligadas à Inteligência Artificial (IA) venham a ser a área de mercado das tecnologias que mais cresce, em Portugal, até 2026. A IA será usada para dar suporte a uma vasta gama de casos de uso, incluindo o recurso a análises avançadas e IA para fazer frente aos desafios da mudança climática por meio de tecnologias mais sofisticadas de previsão do tempo e recorrendo a ferramentas de IA para processar aplicações de cidadania em todo o governo.

Os investimentos em plataformas de IA vão atingir os 19,1 milhões de euros em 2023, e triplicar o valor até 2026, revelando claramente que este é o momento das tecnologias IA, algo que não vai desaparecer num futuro próximo.

Outras áreas de crescimento do investimento em TIC surgem associadas à Infraestrutura como Serviço (IaaS, na sigla em inglês) e a aplicações para plataformas, incluindo Robotic Process Automation (RPA). À medida que as empresas começam a olhar para os seus orçamentos de TI, a IaaS ganha ainda mais destaque, pois as empresas podem evitar os altos custos associados à manutenção de servidores físicos e hardware. Por outro lado, a RPA pode ajudar a automatizar tarefas repetitivas e demoradas, algo crucial para as empresas que estão agora a enfrentar uma escassez de mão de obra qualificada e algumas dificuldades ao nível da contratação.