No final do ano passado, a Revolut anunciou que tinha chegado à marca do milhão de clientes em Portugal, duplicando o número face a 2021, e aos 25 milhões nos 36 países onde já está presente. Para 2023, as metas da fintech voltam a ser ambiciosas. Já são conhecidos os planos para entrar em mercados de grande escala, como o Brasil, em Portugal, a segunda maior operação da Revolut em número de colaboradores depois do Reino Unido, o objetivo é chegar às massas.
“Já não somos aquela startup, aquela fintech, com serviços que se usam para viajar. O nosso objetivo para 2023 é converter a Revolut na conta principal dos portugueses”, admite Ignacio Zunzunegui, responsável pela estratégia de crescimento da Revolut no sul da Europa.
“Queremos que as pessoas pensem em nós quando vão receber o salário. Queremos ser a conta do dia-a-dia dos portugueses”, acrescentou numa conversa com o SAPO TeK, admitindo que as camadas mais jovens da população podem ser as que mais usam apps e serviços como a Revolut, mas que a estratégia da marca já não está apenas orientada para esse público.
"Este ano vamos investir muito em marketing para chegar às massas, para que o português médio também conheça a Revolut e seja capaz de se juntar. É mais fácil para qualquer pessoa abrir uma conta na app do que num banco", mensagem que a Revolut quer conseguir passar.
Para alcançar o objetivo, a empresa admite que está a atuar em várias frentes e, sem querer adiantar ainda mais pormenores, revela que está a trabalhar para obter uma licença bancária local, que vai permitir disponibilizar um IBAN local. A Revolut já funciona como um banco em Portugal, mas ao abrigo de uma licença na Lituânia.
A fintech revela também que continua a explorar possibilidades de integração com terceiros. O objetivo de integrar o cartão bancário da Revolut no MB Way é um dos objetivos e é antigo, mas ainda não foi possível concretizar. Acontece o mesmo com os pagamentos na rede Multibanco, que continuam a estar vedados a quem tem cartão Revolut.
Ignacio Zunzunegui admite que estas barreiras à entrada de um novo ator no mercado financeiro português têm impacto, mas sublinha que não têm impedido o crescimento da empresa. Também não considera que sejam mais rígidas em Portugal que nos outros países da Europa.
“O sector financeiro é um sector complexo, com regulação estrita, como deve ser e com poucos players no mercado, o que torna mais complexa a entrada de um novo player, mas essa realidade é idêntica para muitos mercados”.
Ainda assim, em 2022, o número de transações feitas com cartões Revolut em Portugal cresceu 75% e a esmagadora maioria (90%) foram realizadas no mercado doméstico. Os primeiros indicadores deste ano, referentes a janeiro e fevereiro, apontam para um crescimento ainda mais rápido, que o do mesmo período de 2022, adianta Ignacio Zunzunegui.
A empresa acredita por isso que, em Portugal, conseguiu já atingir um ponto de notoriedade e massa crítica suficiente, para poder passar a uma nova fase da estratégia. Outro argumento nessa linha, é o facto de no ano passado mais de 70% dos novos clientes da app terem vindo por recomendação de outros clientes. A aposta no marketing, que este ano volta a ser reforçada para chegar a novos públicos, é uma das razões - são frequentes as campanhas de recompensa pela indicação de novos membros.
Outra explicação apontada para o crescimento local acelerado está no crescimento da oferta. A Revolut garante que Portugal é um dos países onde tem mais produtos. A área das criptomoedas é uma das que mais tem sido diversificada. No último ano, a app passou a integrar mais de 100 tokens, antes tinha cerca de uma dezena.
Novos produtos e mais colaboradores em Portugal
Ao longo de 2023, o lançamento de novos produtos continuará a ser uma aposta forte da marca, garante Zunzunegui, e uma das novidades que a fintech quer integrar na app em Portugal é um produto de poupança, com taxas de rentabilidade acima daquelas que hoje estão disponíveis na oferta da concorrência. “Vemos uma oportunidade de mercado enorme, porque os produtos que os concorrentes estão a oferecer têm taxas de rentabilidade muito baixas”, admite o responsável.
Na área empresarial, a oferta da Revolut também vai continuar a crescer. Aqui a empresa tem lançado produtos para segmentos menos cobertos pela concorrência, como os freelancers, ou incentivos para que as empresas transfiram o pagamento de salários através dos seus serviços, e diz que continuará a lançar novidades. Só não revela quantas empresas portuguesas fazem parte do milhão de clientes que já anunciou no segmento. .
Em Portugal, a Revolut integra cerca de 1.200 colaboradores. Duzentos estão em Matosinhos e os restantes trabalham remotamente, um modelo que veio para ficar na companhia. É o colaborador quem decide se prefere um modelo híbrido ou completamente remoto, já que a companhia assegura que isso “não tem impacto na produtividade e é uma via para captar talento de forma mais abrangente”. Neste momento, estão abertas mais 180 vagas para Portugal e “ainda há muito espaço para fazer crescer a equipa”, assegura Ignacio Zunzunegui.
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