"Convido a todos a compartilharem desse sonho comigo. Um sonho em que os nossos povos e os nossos territórios sejam livres e onde a gente possa falar de futuro com essas tecnologias que já existem, que já estão sendo colocadas em prática dentro do nosso território", disse Txai Suruí, ao lado do apresentador Luciano Huck, numa sala com mais de seis mil pessoas que lotaram a sessão inaugural da Web Summit Rio. O objetivo, disse, é "adiar esse fim do mundo e para assegurar esse céu".

Numa cerimónia com a presença do fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave, da cofundadora do movimento Black Lives Matter, Ayo Tometi, do CEO do Nubank (maior banco digital da América Latina), David Velez, foi a ativista indígena brasileira que roubou o palco.

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"Qual a importância de se falar de Amazónia num evento tão grande como este que fala de tecnologia?", questionou a ativista, respondendo logo de seguida: "Estamos vivendo hoje a maior crise que a humanidade já viveu que é a crise do clima e nós os povos indígenas somos a linha da frente nessa batalha que o mundo está vivendo".

"Somos nós os guardiões da floresta, somos 5% da população do mundo e protegemos 80% de toda a biodiversidade", afirmou, acrescentando que, ao agregar o conhecimento ancestral e a tecnologia, a missão de proteger as florestas e o clima são fundamentais para que se possa ter "um futuro".

Depois de serem apresentadas no palco dez 'startups' de sucesso, seis delas fundadas por mulheres, foi a vez do presidente da Câmara do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, questionar a plateia de investidores: "Já imaginou dar um mergulho no mar aos pés do Cristo Redentor antes de começar seu trabalho diário?". "Lutamos muito para ganhar este evento", frisou.

Depois foi a vez da cofundadora do movimento Black Lives Mater deixar um aviso à plateia, afirmando que nesta era de capitalismo pode-se "estar do lado certo da história ou do lado errado da história".

Portugal vai estar representado por 25 'startups', ligadas a áreas como 'software', educação ou inteligência artificial.

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BlockBee, Blue Insight Technologies, Deeploy.me, Dizconto, Enline, Frontfiles, Go Beesiness, Hoopers, IDE Social Hub, Infinite Foundry, ITERCARE, Knok Healthcare, LEADZAI, Mentorise, Modatta e Move, assim como a My Data Manager, MyCareforce, ndBIM, Neroes, Sensei, SheerME, Swood, Vawlt Technologies e Wallstreeters são os representantes portugueses, que, no primeiro dia, pretendem reunir-se com os 'stakeholders' (partes interessadas) locais, estando agendadas várias sessões sobre processos legais, fiscais e oportunidades de negócio.

A cofundadora do movimento Black Lives Matter, Ay? Tometi, a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, responsáveis máximos de bancos e empresas brasileiras, a presidente executiva da plataforma Onlyfans, Amrapali Gan, e o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Ulisses Correia e Silva, vão juntar-se aos mais de 300 oradores, às cerca de 900 'startups', investidores e jornalistas, de mais de 100 países, numa cimeira na qual serão discutidos temas como tecnologia, sociedade, inteligência artificial, alterações climáticas, entre outros.

Entre os vários oradores estão ainda o secretário de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz, vários atores e apresentadores brasileiros, a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, o ex-jogador da seleção portuguesa de futebol Deco e a apresentadora portuguesa Cristina Ferreira.

Este é o primeiro Web Summit no Rio de Janeiro, e decorre entre os dias 1 e 4 de maio, no Brasil. O evento tecnológico, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se na zona do Parque das Nações, em Lisboa, em 2016, e vai manter-se na capital portuguesa até 2028. A empresa anunciou recentemente a expansão para o Médio Oriente, com a Web Summit Qatar prevista para o início de 2024.