A velha discussão sobre a convergência das redes de telecomunicações e dos serviços fixo-móvel dominou as duas sessões da tarde do 15º Congresso da APDC, colocando em debate os fabricantes da tecnologia e os operadores. Mais uma vez a conclusão é de que a convergência é já uma realidade a materializar-se nos serviços de telecomunicações e que os operadores serão obrigados a fazer a convergência das suas redes e sistemas legacy para infra-estruturas IP de forma a garantirem a largura de banda e flexibilidade no lançamento de serviços, necessária para se manterem competitivos.

No painel das Infra-estruturas, Brian Levy Group Technology Officer da British Telecom explicou detalhadamente os planos do operador britânico para a evolução da sua rede para uma core network integrada, a 21CN. A BT tem um plano muito ambicioso de migração, pretendendo ter até ao final de 2008 mais de 50 por cento da rede migrada para a nova estrutura, terminando o projecto até 2010/2011.

O projecto 21CN da BT, no qual se integra o projecto Fusion de convergência fixo/móvel vai ter inicio em meados do próximo ano em Gales, na região de Cardiff, onde 350 mil linhas de consumidores serão portadas para a nova rede IP.

“O projecto é grande e ambicioso […] O que queremos fazer ainda não foi feito no mundo”, afirmou Brian Levy. “Vamos mudar o nosso negócio do século XX para o século XXI”, garantiu, explicando as vantagens de redução de custos, prestação de melhor serviço ao cliente e rapidez na chegada de novos produtos ao mercado.

Da parte dos fabricantes de tecnologia a ideia sublinhada por todos é que a tecnologia já existe e é essencial para que os operadores possam melhorar os seus serviços, respondendo às exigências de maior largura de banda, controlando ao mesmo tempo os custos operacionais.

Fixo/Móvel em colisão ou convergência

Já no segundo painel da tarde, António Coimbra, vice-presidente de marketing e operações da Vodafone, defendeu que a convergência do fixo/móvel é já uma realidade e que a voz é actualmente maioritariamente móvel.

Citando números e indícios que provam a sua teoria, o responsável da Vodafone deixou como uma provocação como última ideia : “Convergência é quando muito um caminho para substituir o fixo pelo móvel”.

Sem entrar propriamente na guerra da convergência fixo-móvel, Iriarte Esteves, administrador do Grupo PT, preferiu falar dos contextos em que cada cidadão se encontra em diferentes situações, que destacam o facto de evoluirmos para uma situação de “permanentemente em rede”. Como melhor exemplo de convergência destacou o SMS, na convergência voz/texto.

Iriarte Esteves sublinhou ainda que os operadores têm como principal desafio ultrapassar o gap existente entre o que a tecnologia nos permite e o que os utilizadores querem num determinado momento, numa atitude de clara contenção.

Do lado dos operadores fixos, Xavier Rodriguez, Administrador da Oni, foi de encontro à mesma ideia do risco de empurrar as tecnologias para o mercado, defendendo que a disponibilidade tecnológica não é condição suficiente para se avançar com novos serviços e lembrando que a velocidade de adopção é sempre inferior às expectativas.

O administrador da Oni sublinhou ainda que a empresa está a desenvolver já diversos projectos convergentes, como o acesso mais conveniente e ubíquo, garantido pela abertura do lacete local, o power line e a fibra óptica, e ainda a mobilidade com o Wimax, uma tecnologia para a qual inicia um piloto já no próximo ano.

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