Se a regulação permitir que cada operador avance com a sua própria infra-estrutura de fibra e os três principais operadores o fizerem, numa perspectiva de cobrir 3 milhões de familias cada um, será canalizado um investimento de cerca de 9 mil milhões de euros para dotar o país de infra-estruturas de nova geração.

O investimento na rede passiva representa 85 por cento do que é necessário gastar para levar a fibra ao terreno. Cada casa passada pode custar ao operador entre 200 e 1200 euros, dependendo da densidade populacional. O valor pode baixar para cerca de metade com a partilha de investimento.

As contas são respectivamente da Oni e da Vodafone, que partilham a opinião de que Portugal deve apostar num modelo para a fibra óptica de partilha da infra-estrutura e diferenciação pelos serviços. Uma visão idêntica à da generalidade dos operadores alternativos e que dominou a discussão sobre o estado do Fibre To The Home (FTTH) em Portugal, no congresso da APDC esta tarde.

Visão idêntica tem a Sonaecom que tem planeado para os próximos 3 anos um investimento na tecnologia de 240 milhões de euros, que levará a tecnologia a um milhão de portugueses. Judite Reis, que representou a operadora no evento, não quis falar no número de clientes que a empresa já angariou com a oferta lançada em Setembro nas regiões de Lisboa e Porto, mas garante que já foram passadas 100 mil casas. Isto embora a Sonaecom mantenha a defesa de um modelo de partilha de infra-estrutura e garanta que tem vindo a desenvolver a rede num modelo aberto e que pode adaptar-se a uma decisão do regulador neste sentido.

O mesmo número de casas passadas com fibra tem a Zon, uma herança da TvTel, adquirida pelo grupo liderado por Rodrigo Costa mas ainda não gerido pela empresa, que aguarda uma luz verde definitiva da Autoridade da Concorrência ao negócio. Só depois disso será definida uma estratégia para este activo e com isso tomada a decisão de apresentar esta oferta como diferenciada do actual produto Zon, ou não, explicou ao Tek Manuel Sequeira, à margem do encontro.

O representante da dona da TV Cabo defendeu no encontro a criação de uma entidade indendente que gerisse a criação da “infra-estrutura pesada” de fibra, embora não partilhe com os concorrentes a perspectiva de que a diferenciação das ofertas deva fazer-se só pelos serviços. Na perspectiva da empresa, que revelou interesse em investir mais na fibra, a partir desta infra-estrutura básica cada empresa deve ir por si até casa do cliente.

Manuel Sequeira adiantou ainda que a Zon tem vindo a realizar indicadores que apontam para um custo mais baixo da fibra, relativamente à tecnologia que hoje suporta os 2,8 milhões de casas passadas pela empresa, o HFC. Com o mesmo investimento é possível fazer mais com a fibra, nas zonas onde pretendem investir, garante.

O responsável explicou depois ao TeK que a fibra está a ser discutida como hipótese na expansão da rede da empresa em zonas urbanas fora dos grandes aglomerados do litoral. De qualquer forma, Manuel Sequeira garante que a actualização tecnológica da rede da Zon, feita ao longo dos últimos anos, vai permitir à operadora competir com a fibra durante algum tempo, pelo menos enquanto a velocidade destas ofertas estiver nos 100 Mbps.

A Zon já tem em piloto uma oferta com um débito de 100 Mbps, que no final do ano deverá deixar esta condição experimental.

As previsões de evolução da capacidade da fibra levam as tecnologias mais usadas bem além deste marco rapidamente. A tecnologia GPON, usada pela Sonaecom, por exemplo, permitirá em 2010 oferecer 10 GB, dizem as estimativas actuais.