Pais do Amaral defendeu esta tarde no Congresso da APDC que “existe um total conflito de interesses em entregar a Televisão Digital Terrestre a uma empresa que é a última interessada em garantir conteúdos interessantes no serviço, porque tem uma plataforma concorrente, que é o Meo”.


O responsável foi um dos três convidados a participar no evento, onde integrou um painel que discutiu o tema da convergência nos media.



O presidente não executivo da Media Capital representava o grupo, na mesma sessão onde também estava Francisco Pinto Balsemão, pelo grupo Impresa e José Marquitos pela RTP.

O responsável do grupo que detém a TVI não esteve envolvido no processo de atribuição da licença para operar a Televisão Digital Terrestre, já que nesse período esteve afastado do setor, como o próprio fez questão de frisar. Voltou ao grupo no início deste ano quando adquiriu uma participação de 10 por cento na Media Capital, pela qual pagou 35 milhões de euros.



No entanto, na sua perspetiva, o desejável seria que os operadores de televisão tivessem conseguido por-se de acordo e assumir uma posição mais relevante no processo, referindo-se também à previsão de adição de um novo canal, que para já não irá concretizar-se.



Balsemão também considerou que a TDT se transformou num tema “pouco excitante”, quando podia ter sido uma oportunidade interessante para criar uma oferta de maior valor, face àquela que existe hoje na TV analógica em sinal aberto.



O mesmo responsável defendeu no debate que é contra operações de concentração entre operadores de televisão e empresas de telecomunicações, por considerar que a produção de conteúdos e a sua distribuição devem ser manter-se em esferas independentes, uma opinião que José Marquitos partilhou.



Pais do Amaral admitiu que movimentos desses género podem ser apelativos para os operadores de telecomunicações, que por essa via ganham acesso a uma oferta de conteúdos. Para os grupos de media significa mais possibilidade de distribuir os seus produtos. Para ambas as partes representará mais receitas de publicidade.



Sérgio Monteiro, secretário de Estado das Obras Publicas, Transportes e Comunicações, fechou o primeiro dia do maior congresso português das telecomunicações, elencando algumas das iniciativas que o novo governo já protagonizou, relacionadas com o setor. Destacou a revisão das taxas de espectro, o lançamento da consulta pública para o serviço universal ou a preparação do leilão 4G.



Também sublinhou que esta terá sido a primeira vez em muitos anos que um governante vai ao evento e “não traz anúncios, nem planos de investimento de milhões de euros, porque não temos milhões de euros". A afirmação serviu para frisar que a indústria tem de fazer o seu caminho sem contar com o investimento público.




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