O que une empresas como a REN, Alcatel-Lucent, Nokia Networks, Caixa Geral de Depósitos, Cisco, Huawei e DSTelecom? À partida não muito, mas ao final de uma hora e meia de debate todas saíram de lá com a ideia de que é necessário trabalhar em conjunto para conseguirem potenciar ao máximo as infraestruturas de telecomunicações que existem e que ainda vão ser construídas. Quem desenvolve as redes precisa de entender os operadores, que por sua vez precisam de entender as necessidades específicas das empresas. Mas o caminho do entendimento vai envolver muitos agentes.

O presidente executivo da DSTelecom Xavier Rodríguez, diz que Portugal precisa de resolver um problema de assimatetrias ao nível da cobertura de redes, sendo que atualmente o interior do país está em clara desvantagem. E para o responsável só há uma forma de conseguir isto de forma sustentável: com as empresas a criarem redes abertas e em conjunto, e não construindo infraestruturas proprietárias. "O que Portugal precisa é um modelo colaborativo, um modelo de partilha".

A DSTelecom garante que tem tentado percorrer este caminho e que atualmente as suas redes já chegam à casa de 300 mil pessoas, mas mais importante, já ligam dezenas de núcleos empresariais.E esta acabou por se tornar numa questão fulcral: o investimento não pode ser feito apenas a pensar no consumidor final, as empresas têm de ter condições iguais ou até melhores - caso contrário o negócio não evolui.
"As redes atuais respondem às necessidades de TI, as redes que aí vêm têm de responder às necessidades do negócio. É preciso olhar para as empresas, para o seu negócio e para o objetivo final que perseguem", salientou o gestor de sistemas de engenharia da Cisco Portugal, Rui Brás Fernandes.
Já o responsável pelo serviço de vendas da Nokia Networks, Pedro Martins, está seguro de que as redes que existem "não são eficientes", no sentido em que não estão a ser totalmente aproveitadas. "O 4G não é eficiente para transportar informação de sensores", deu como exemplo.
O diretor da Huawei Portugal, Pedro Ferreira, foi ainda mais taxativo no problema que existe: "Temos uma infraestrutura de excelência, mas o que é certo é que 30% das pessoas em Portugal nunca foram à Internet. O desafio da indústria é criar uma plataforma que não seja só focada na concorrência, mas na melhoria da experiência de utilização e simplificação do utilizador". Pedro Ferreira disse depois que até aqui tudo tem sido pensado nas pessoas e só quando o 5G chegar ao mercado é que existirá uma rede que está pensada para "todas as coisas".
A Alcatel-Lucent tem estado a trabalhar neste sentido e está totalmente convencida que o futuro passa por redes menos estáticas ao nível da utilização, como expxlicou o diretor de marketing e comunicação, Guive Chafai. "O segredo está em como extrair mais valor das redes. O foco deve estar na flexibilização das redes, o segredo passa pela sua programação. Através de uma ordem simples deveria ser possivel garantir a rede que precisa naquele momento para as necessidades do seu negócio".
Qual é então a tecnologia de futuro? Sobre esta perspetiva a Caixa Geral de Depósitos é agnóstica. A porta-voz do banco, Maria João Carioca, diz que a única exigência do banco é que "a tecnologia tem de funcionar". E numa taxa de 100%, pois basta ter uma falha para que a experiência do consumidor com os serviços online ou presencialmente com os gestores do banco ganhe contornos negativos e não concretizadores.
E só quando toda a infraestrutura estiver focada no negócio e só quando as condições para as empresas puderem ser exploradas na totalidade, ao nível de infraestrutura tecnológica, é que vão surgir em Portugal serviços Over the Top (OTT), como o WhatsApp. O diretor do grupo de TI da REN, Tiago Azevedo, diz que o mercado português precisa de mais serviços OTT pois atualmente são os conteúdos que estão a diferenciar a oferta entre operadores de telecomunicações.
"É preciso trabalhar em conjunto no desenvolvimento de soluções que tornem as infraestruturas mais eficazes", disse Tiago Azevedo, depois de ter partilhado um exemplo que aqui também pode servir como exemplo de reflexão: atualmente um utilizador consegue instalar uma câmara IP em casa e saber o que se passa na habitação estando em qualquer lugar, a qualquer hora. Mas quando a REN tentou fazer o mesmo junto das suas estações elétricas em meios rurais, tiveram muitas mais dificuldades em fazê-lo.

O 25º Congresso das Comunicações da APDC decorreu nos dias 25 e 26 de novembro, no Centro Cultural de Belém em Lisboa, e termina hoje, reunindo mais de uma dezena de painéis onde participam 99 oradores e que abordam os principais temas do sector das comunicações e TI.

 

O TeK está a acompanhar a conferência, pelo que o convidamos a acompanhar aqui todas as novidades.

Rui da Rocha Ferreira