A Altice Labs garantiu em julho a sua quinta patente registada este ano, desta vez através do Instituto Nacional da Propriedade Industrial. A invenção é uma componente de software que permite a distribuição e adaptação dinâmica de limites de carga. Pode ser aplicada nas várias interfaces individuais de receção de eventos de serviço de um sistema de processamento de dados, como num Sistema de Cobrança Online.

Ao prevenir a sobrecarga do sistema onde está inserido, o software assegura que a capacidade total de processamento desse sistema não é ultrapassada. Também contribui para um aproveitamento eficaz de toda a capacidade disponível, através da redistribuição da capacidade excedente por todas as interfaces que possam precisar dela.

“Em caso de sobrecarga iminente, o algoritmo calcula que interfaces devem descartar pedidos e qual a quantidade, garantindo que isso é feito proporcionalmente e de acordo com critérios configuráveis, como capacidade garantida, capacidade mínima, prioridade, entre outros”, explica a empresa.

João Paulo Firmeza, diretor geral da Altice Labs, explicou ao SAPOTEK que a tecnologia agora patenteada pelo braço de inovação do grupo Altice já está integrada no sistema de Online Charging NGIN OCS 4G da AlticeLabs, como solução para limitar de forma inteligente os pedidos que serão atendidos ou descartados em situações de sobrecarga do sistema.

INPI atribui à Altice Labs uma patente de IA relacionada com modelo de linguagem natural multimodelo
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A breve prazo, o objetivo passa por “desenvolver e integrar também a ferramenta no sistema NGIN CCS 5G (sistema de Charging Convergente de 5ª Geração) e no no PCF 5G (sistema de Policy Control de 5ª Geração)”. O primeiro destes sistemas faz a aplicação em tempo real dos tarifários pré-pagos e pós-pagos (online charging). O segundo é responsável pela atribuição de largura de banda e qualidade de serviço (policy control) em redes de telecomunicações.

A tecnologia pode ser aplicada em vários outros contextos. Desde logo, em qualquer sistema distribuído que seja suportado em plataformas computacionais com múltiplos servidores e com múltiplos pontos de entrada de pedidos, ilustra o responsável dos laboratórios de inovação com sede em Aveiro. O impacto pode ser ainda maior em cenários de cloud pública, onde a necessidade de controlo de custos com a infraestrutura utilizada é grande.

Não está descartada a hipótese de usar a tecnologia patenteada para basear novos produtos comerciais, reconhece João Paulo Firmeza. “Tal como muitas outras tecnologias nascidas na Altice Labs, o controlo de admissão adaptativo tem um enorme potencial para desenvolver novos produtos comerciais”. Se este for o caminho, os destinatários mais prováveis de uma futura solução serão “construtoras de sistemas distribuídos que almejem a otimização de consumo de recursos computacionais”.

A Altice Labs tem outros 61 pedidos de patente em fase de avaliação, a nível internacional e nos Estados Unidos, com destaque para tecnologias na área das redes de fibra ótica, pela sua importância na atividade da estrutura que herdou o know-how da PT Inovação. Este ano o polo de inovação português já viu garantidas outras cinco patentes (para além das que estão em apreciação), três das quais internacionais. No ano passado, foram submetidos 12 pedidos de patentes, a nível nacional e internacional, e nos anos anteriores a média também supera a dezena.

A Altice Labs soma 900 colaboradores a nível global. Para este ano tem previsto um investimento em inovação de 23 milhões de euros e nos últimos cinco investiu 360 milhões de euros em inovação científica e tecnológica.