Juan Olivera, da Ericsson, e Sérgio Catalão, da Nokia, aproveitaram o palco do 33º Congresso da APDC, em sessões diferentes, para abordarem a situação crítica da implementação do 5G na Europa, e em particular em Portugal, e sugeriram ações estratégicas para reverter o cenário atual.

Depois de uma liderança inicial, a Europa tem vindo a perder ritmo na implementação das novas gerações de redes móveis, vendo a sua posição questionada. Aproveitar o poder transformacional do 5G passará por mudanças regulatórias e maior colaboração público-privada.

Juan Olivera, CEO da Ericsson Portugal, observou que a região está atrás de países como China, Índia e EUA. Em Portugal, apesar das redes terem boa qualidade, a taxa de penetração do 5G ainda é baixa, girando em torno dos 20%.

“No 3G a Europa foi a terceira economia; no 4G, já foi a quinta. No 5G, após quatro anos, a Europa será a sétima ou oitava economia, já superada por países com menor tradição tecnológica, como a Austrália, e outras grandes economias como a China e a Índia”, referiu o responsável da Ericsson.

As discrepâncias no ritmo de implementação da tecnologia entre os Estados-membros da União Europeia podem ser um dos fatores que contribuem para a situação atual. Tal como a fragmentação do mercado europeu - com os seus 45 operadores em comparação aos oito nos EUA - que impede a obtenção de economias de escala, fundamentais para investimentos robustos em infraestrutura.

Juan Olivera alertou também para a necessidade urgente de mudanças regulatórias e estruturais. “A regulação atual, criada há 30 anos para quebrar monopólios, tem de ser revista. Precisamos de operadores com escala para evoluir, investir e manterem-se relevantes”.

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O CEO da Ericsson Portugal defendeu ainda a adoção de planos de colaboração público-privada, como aconteceu em Espanha, como uma solução viável para tornar o país mais competitivo e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

Para Sérgio Catalão, CEO da Nokia, a indústria das telecomunicações enfrenta um paradoxo: enquanto o investimento em redes fixas e móveis tem sido elevado para acompanhar a procura crescente, as receitas têm crescido a uma taxa modesta de 1%. O responsável vê o 5G como uma oportunidade única para transformar esta situação.

As novas redes 5G programáveis, capazes de ir além da simples conectividade, podem gerar valor significativo para a indústria e a economia, considera.

“As redes 5G vão estar no centro da inovação e do desenvolvimento. Passamos de um contexto em que tínhamos redes não programáveis, que consumiam um único bem - a conectividade -, para redes programáveis que vão usar múltiplas dimensões para a criação de valor. Temos um momento único para resgatar valor para o sector”, referiu Sérgio Catalão.

A capacidade de criação de valor vai também passar pela ligação entre o ecossistema e a indústria. “O 5G é um enabler tecnológico estratégico que deve ser explorado para aumentar a produtividade”, afirmou.

Tanto Juan Olivera como Sérgio Catalão concordaram no potencial do 5G para transformar as economias e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, nomeadamente, até para fechar o fosso digital. A aposta em ações coordenadas poderá ajudar a Europa a recuperar do atraso em relação a outras regiões do mundo, sugeriram.

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