O relatório “State of Digital Communications” elaborado pela Analysys Mason para a ETNO (Associação de telecomunicações) revelou algumas informações sobre o estado do 5G na Europa. Até novembro de 2020, a exploração comercial das redes 5G estavam disponíveis em apenas 18 países da Europa. Salienta que enquanto alguns países fizeram os leilões das frequências no início de 2018, outros tiveram sérios adiamentos, com repercussões de atraso. Um dos principais exemplos foi mesmo Portugal, um dos últimos países a concluir o processo do 5G e a lançar serviços apenas em dezembro de 2021. Os atrasos impediram a União Europeia de atingir as metas básicas do plano de ação do 5G.
Foram concedidas licenças provisórias ou temporárias a algumas empresas, o que levou as operadoras de telecomunicações europeias a expressar preocupações com as práticas e o impacto nos investimentos e velocidade de desenvolvimento das redes. Isso incluiu as reservas nacionais de espectro a redes privadas ou dar tratamento preferencial a novos entrantes nos leilões do 5G. Houve também acusações de descriminação face a novos entrantes, com muitas operadoras a terem obrigações no respetivo caderno de encargos, tais como o roaming nacional, aponta o relatório.
O estudo indica que em setembro de 2020, apenas 24,4% da população da Europa tinha cobertura 5G. Quando comparado com os Estados Unidos, que registava 76%, o Japão com 34,3% e a Coreia do Sul 93%, a Europa estava na cauda do desenvolvimento do 5G. No entanto, é importante salientar que no caso dos Estados Unidos, a cobertura é maior porque os operadores estão a usar larguras de banda inferiores a 1 GHz que não entregam os mesmos ganhos em capacidade. Na Europa, o foco tem sido no espectro de 3,5 GHz. Para o caso da Coreia do Sul, embora os estudos demonstrem que 93% da população tem cobertura, na prática do dia-a-dia, a disponibilidade é muito inferior.
O 5G e a fibra ótica são apontados como os dois principais pilares das operadoras de telecomunicações, juntamente com o aumento de inovação, serviços e dados. Mas os desafios impostos às operadoras na Europa, fez com que caíssem no ranking mundial. E segundo é referido, em comparação com cerca de 10 anos atrás, a Europa conta com cada vez menos empresas de telecomunicações no Top 15 mundial. Isso deve-se ao baixo investimento per capita das empresas europeias quando comparadas com a concorrência americana e asiática. Os recursos de espectro para o 5G são caros e sujeitos a condições complexas. E isso levou à fragmentação do mercado, que ainda se mantém, levando a uma performance financeira mais fraca face à concorrência global.
Apesar de não ter sido o sector mais afetado pela pandemia, os efeitos externos levaram à maioria das operadoras registarem quedas de receitas no segundo trimestre de 2020. Os serviços de SME, televisão por subscrição, roaming mobile e venda de equipamentos foram as mais afetadas no negócio, ao passo que as redes fixas de banda larga foram as que sofreram menos. O estudo diz também que as ações de solidariedade das operadoras, na oferta de tráfego e serviços gratuitos ou com grandes descontos, para mitigar os efeitos da pandemia a cidadãos, escolas, administrações e hospitais pesaram na sua carteira.
E o estudo aponta alguns dados estatísticos na utilização dos serviços online durante a pandemia, a começar em março de 2020. O tráfego de Zoom cresceu 500% no primeiro mês. O tráfego geral de alguns países cresceu em 775% (contra cerca de 200% de aumento global). O tráfego das redes fixas aumentou entre 70-90%. Houve aumentos nos serviços de streaming como o Netflix, assim como se usou mais voz, sobretudo nas primeiras semanas do confinamento.
A União Europeia lançou medidas para ajudar a reforçar o sector das telecomunicações, acelerado pelo 5G, a fibra e outros serviços inovadores. E 2020 foram registados mais investimentos, tanto no 5G como no desenvolvimento de FTTP (redes de fibra ótica). O estudo indica que a cobertura da fibra aumentou 6,6%, com 18 milhões de instalações em 2019 e até ao final de 2020 mais 6,4%. No final de 2020 estima-se que a cobertura da Europa de FTTP tenha sido de 43%, mas até ao fim de 2022 possa ultrapassar a barreira dos 50%.
Os governos prometeram ajudar na cobertura das regiões rurais, sendo mesmo um objetivo de 100% de FTTP impostos por alguns países. “E alguns já estão muito perto de alcançar a cobertura total, dentro dos planos de recuperação e resiliência. E com isso, as médias de velocidade têm crescido rapidamente, com disponibilidade de Gigabit nos mercados e a preços acessíveis.
O estudo da ETNO sobre as telecomunicações pode ser consultado no seu website.
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