Com um painel composto por Javier Olaizola, líder para o setor público da IBM, Leopoldo Muriel, diretor de vendas para a mobilidade da Siemens e Andreas Bentz da T-Systems, as Smart Cities estiveram no centro da discussão.
E apesar de cada um deles ter dado a sua perspetiva sobre o assunto, houve um pormenor que, embora não tenha sido falado em uníssono, gerou o consenso de todos os intervenientes: continuam a existir inúmeros problemas para ultrapassar e muitos deles ainda não têm solução.
Javier Olaizola foi o primeiro orador. Durante a sua apresentação evidenciou o “Uber Syndrome” enquanto ameaça aos modelos mais tradicionais de negócio que a maior parte das empresas ainda pratica nas economias nacionais e internacionais.

No entanto, para Olaizola, esta é uma oportunidade de reinvenção que deve ser concretizada sobretudo na potencialização dos recursos existentes.

Andreas Bentz também explorou este ponto. Para o alemão, esta era da Internet das Coisas vai obrigar as empresas a dar novos significados aos dados dos seus utilizadores para que as suas receitas não se percam na multiplicidade de serviços a que hoje temos acesso. Dentro daquilo que são as tecnologias de Smart City, Bentz deu um exemplo concreto, “se uma empresa de estacionamentos inteligentes está a perder espaço, terá de rentabilizar os recursos de que já dispõe. Um serviço de estacionamento premium, seria uma boa iniciativa, neste caso”.

Bentz defendeu que o processo de “inteligentificação” das cidades se está a perder porque as empresas estão a perder tempo nos pontos errados. Pensative Connectivity, Smart Objects e Integration são coisas “alcançáveis com recurso a outros prestadores de serviços, as empresas têm de se focar na rentabilização dos dados que têm”.

Leopoldo Muriel, da Siemens, apresentou o sistema que a empresa alemã tem levado a várias cidades internacionais. A City Performance Tool assenta em três pilares: transportes, energia e urbanização.

Todas as tecnologias desenvolvidas neste âmbito têm base num algoritmo que pretende tornar mais eficiente a circulação dos cidadãos e reduzir o impacto ambiental tal como melhorar a qualidade do ar nas cidades.

A proposta da Siemens já chegou a cidades como Munique, Londres ou Helsínquia e está a ser aplicada a quase 20 outras cidades nas quais não se inclui qualquer cidade portuguesa.

Com este serviço que a Siemens desenvolveu, a cidade é transformada em vários âmbitos no espaço de seis meses. Das inovações que a empresa está a aplicar nos vários centros metropolitanos, contam-se coisas como a gestão inteligente dos semáforos, a autonomização dos metros, bilhetes eletrónicos de transportes ou a gestão eletrónica dos consumos energéticos.

Para além da eficiência, controlo e sustentabilidade, todos os oradores concordaram que a aplicação destas tecnologias às cidades também deve promover a envolvência dos cidadãos com as suas localidades.

“Podemos levar os cidadãos a reportar incidentes diretamente a uma central de informação com a câmara dos seus telefones e fazer com que os problemas que vão surgindo sejam tratados mais rapidamente”, exemplificou o representante da IBM.

Na sua segunda intervenção, Andreas Bentz evidenciou um problema: “Como pode uma cidade com recursos limitados concretizar estes projetos?”. O moderador, Juan Corro, falou do problema da invasão de privacidade e vigilância e o público deu voz à falta de uniformidade nas aplicações disponíveis para o utilizador.

De todas estas questões, nenhuma parece estar resolvida e todas elas constituem entraves ao desenvolvimento tecnológico pleno das cidades, por agora, as tecnológicas parecem estar mais preocupadas em criar e competir do que em resolver os problemas que as suas tecnologias vão gerando.