Um estudo da Deloitte identifica Portugal como estando numa posição privilegiada para ser “uma peça chave na estratégia europeia de dados porque reúne um conjunto de condições únicas para ligar a Europa a mercados como a América do Norte, América do Sul, África e Médio Oriente/Ásia”.
O país é considerado uma "joia escondida da conectividade na Europa” pela posição geográfica, face a várias regiões do globo, e por ter condições únicas para atrair os maiores players tecnológicos, à procura de expandir ofertas que dependem de largura de banda e tráfego de grandes volumes de dados.
Portugal é citado como um dos poucos países do mundo com ligações de dados diretas aos cinco continentes e que se prepara para acolher importantes projetos de uma nova geração de cabos submarinos, financiados por empresas como a Google ou o Facebook, que vão garantir 880 TBPS de capacidade adicional, com baixa latência e ligações com os principais hubs globais.
O cabo financiado pela Google (que é da Equiano) vai ter 12 pares de fibra e uma capacidade de design de 20 TBPS, que vão ligar Portugal à África do Sul para melhorar a conectividade digital entre a Europa e os países da África Ocidental. Deve entrar em operação ainda este ano. O 2Africa, da Meta (Facebook), estará pronto em 2023 e tem uma capacidade projetada de até 180 Tbps e 16 pares de fibra, que vão ligar o continente africano, Ásia e Europa, via Portugal.
Recorda-se que Portugal integra a rede mundial de cabos submarinos desde 1870 (primeira ligação ligou Portugal e Reino Unido). Nos anos seguintes, e pela mão da Marconi, posicionou-se como porta de entrada para toda a Europa, beneficiando da proximidade com África, América do Norte e América do Sul. A ligação ao Médio Oriente e Ásia, como explica o estudo, também é facilitada pelo acesso marítimo à Bacia do Mediterrâneo.
Só nas ligações a África destaca-se que os cabos submarinos entre a África Subsariana e a Europa Ocidental, com amarração em Portugal, permitiram um crescimento da largura de banda da Internet entre Lisboa e aquela região do globo de 46% desde 2016. Estas - e futuras - ligações a África, bem como à América Latina, são vistas como as mais promissoras, devido ao potencial de crescimento.
Uma das infraestruturas mais recentes, já de uma nova geração de cabos submarinos, é da Ellalink. Começou a funcionar em julho do ano passado e conta com uma capacidade de 100 TBPS. Sete pares de fibra estão ancorados em Sines, quatro dos quais para ligar América do Sul à Europa. Em desenvolvimento está ainda o Medusa (da AFR-IX), com 24 pares de fibra e uma capacidade de 480 TBPS.
“A grande conectividade submarina, combinada com uma rede de conectividade terrestre de alta capilaridade e redundância, permite, por exemplo, aos “Green Giants“ — grandes Hyperscaler Data Centre 100% Sustentáveis — aproveitar terrenos abundantes e competitivos e proximidade de energia renovável, garantindo sempre uma ótima conectividade aos principais hubs europeus”, defende a análise da Deloitte.
Por terra, o destaque do estudo vai para a disponibilidade de várias infraestruturas a ligar Portugal ao resto da Europa, via Espanha, asseguradas por operadores como a Colt, FastFiber, Ren ou Vodafone. O país é também apontado como um dos que garante maior cobertura de fibra ótica na Europa, por ter 83 em cada 100 lares e estabelecimentos cobertos pela tecnologia no final de 2020 e previsões para levar a fibra a 100% da população até 2025.
Sublinham-se ainda os esforços das autoridades para simplificar o processo de autorização para projetos nesta área e o facto de em Portugal haver uma única entidade responsável pelo licenciamento de cabos submarinos, algo que ainda não acontece em vários países da Europa.
Face aos dados, a Deloitte defende que Portugal está em condições de ser um dos maiores beneficiários dos esforços europeus para reduzir a dependência de dados de outros grandes hubs nos EUA e na Ásia, um plano suportado pela iniciativa Connecting Europe Facility, que conta com um financiamento de mil milhões de euros.
Na perspetiva da consultora, os países que mais vão tirar partido da nova visão europeia para a conectividade serão aqueles que tiverem melhores condições para servir de base a ligações globais por cabos submarinos e para garantir boa conectividade terrestre para o resto da Europa. Portugal soma os dois critérios. A consultora conclui mesmo que o país só não tem sido mais escolhido por grandes players de conectividade e Data Centers por falta de informação e sensibilização.
O estudo da Deloitte foi encomendado e apresentado pela Start Campus, no final de janeiro, no Pacific Telecommunications Council, no Havai, que reuniu os principais players do sector.
A Start Campus é a promotora do megacentro de dados projetado para Sines, que vai envolver um investimento total de 3,5 mil milhões de euros. Espera-se que o projeto possa criar 1.200 pontos de trabalho diretos e até 8.000 empregos indiretos. A infraestrutura deve estar totalmente operacional em 2025, mas o primeiro dos nove edifícios previstos deve estar em condições de operar já em 2023.
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