Os países membros da Agência
Espacial Europeia
(ESA) aprovaram ontem o projecto de construção de uma
rede de satélites de navegação, que poderá contar com a participação da China
e outros Estados não-europeus, com vista à criação de um rival do Global
Positioning System
(GPS) dos Estados Unidos.

O sistema europeu, conhecido por Galileo, deverá estar finalizado em 2008. A União Europeia tem receado desde
há muito depender do sistema norte-americano e de uma rede semelhante da
Rússia, dado que ambos estão sob controle militar e o acesso pode ser cortado
sem qualquer aviso. A decisão de ontem, negociada entre a ESA e a União
Europeia, vem no seguimento de meses de discussões sobre a participação
financeira, tendo grande parte da construção do projecto público e privado
ficado a cargo do Reino Unido, França, Alemanha e Itália.

Alguns países como o Reino Unido, Alemanha e Holanda argumentaram que não
era necessário duplicar o que já existia, dado que os Estados Unidos
disponibilizam a informação recolhida através do GPS a outros disponíveis, o
que desacelerou os planos das duas instituições europeias.

Mas, a estratégia de política externa da administração Bush e o controlo da
informação de satélite por parte do Pentágono fizeram aparentemente com que
os países europeus se tenham convencido da necessidade de possuir um sistema
desse tipo. Segundo a União Europeia, a rede, baseada em 30 satélites, será
empregue para fins civis e irá funcionar como um complemento em vez de um
rival do sistema dos Estados Unidos.

António Rodota, director geral da ESA, afirmou que os países chegaram a um
acordo porque "estavam conscientes da importância económica, industrial e
estratégica da navegação por satélite". A Comissão Europeia já alocou 450 milhões de euros para a fase
inicial deste projecto no valor de 3,2 mil milhões de euros, do qual se
espera que venha a criar 140 mil postos de trabalho. Em Março, o Conselho
Europeu dos Ministros dos Transportes autorizou aquele órgão comunitário a
negociar condições financeiras com a China e outros países com vista à sua
participação.

Os primeiros satélites terão que estar operacionais em 2006 de forma a cumprir
o prazo para assegurar os direitos de frequência pela União Internacional das
Telecomunicações. O sistema irá permitir uma melhoria dos serviços aéreos
comerciais ao possibilitar que os pilotos se orientem pelos satélites em
lugar dos controladores aéreos em terra.

A Comissão Europeia afirmou que o
Galileo será principalmente utilizado por redes de transporte, operações de
pesquisa e salvamento e serviços sociais e de fronteiras.

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