Conteúdos falsos reencaminhados através do WhatsApp continuam a fazer vítimas na Índia. A mais recente terá sido há uma semana, uma mulher assassinada por um grupo de pessoas que a perseguiu depois de rumores de que raptores de crianças operavam na zona do centro do país, em Madhya Pradesh.

Há também outro exemplo em que um muçulmano foi espancado até à morte, também por um grupo de indivíduos, depois de se terem espalhado rumores de que estaria a traficar vacas, um animal sagrado para a população hindu.

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Os casos repetem-se desde o início de junho e já levaram à morte de mais de 20 pessoas. A situação é crítica pela dimensão que o WhatsApp assume naquele país, onde regista mais de 200 milhões de utilizadores.

As autoridades indianas já pediram a intervenção do Governo, para aprovar uma lei que controle o caos provocado pelas mensagens falsas que circulam nas redes sociais. O próprio WhatsApp já limitou o número de vezes em que uma mensagem pode ser reencaminhada para outros contactos e lançou uma campanha nacional nos principais jornais do país, alertando para os riscos desta cadeia de mensagens.

Em declarações ao Jornal de Notícias, Manuel David Masseno, especialista em cibersegurança da Universidade de Évora, considera que que em vez de controlar o fenómeno através da análise dos conteúdos, a rede social optou pela forma mais simples ao limitar o número de partilhas. A intervenção de forças governamentais é encarada com cautela, porque, “em democracia, a censura prévia não deve ser tolerada, salvo em último caso, para proteger a vida e a integridade das pessoas".

Para Francisco Conrado, da Universidade do Minho, “a melhor forma de combater a disseminação de notícias falsas e alarmistas é através da educação dos utilizadores”.