Apesar do espectro do 5G ter sido atribuído há vários meses nos Estados Unidos, os reguladores ainda têm dúvidas se a tecnologia interfere com os sistemas de aviação. A entidade reguladora dos transportes pediu tempo às operadoras de telecomunicações para investigar os efeitos que o 5G têm nos componentes eletrónicos dos aviões e aeroportos. Os serviços estavam marcados para iniciarem no final do ano, tendo sido adiados um mês, para a primeira semana de janeiro de 2022. Tempo que não terá sido suficiente e foi pedido novo adiamento.

As operadoras AT&T e a Verizon rejeitaram esse pedido de adiamento, mas concordaram em criar durante seis meses uma chamada zona de exclusão à volta dos aeroportos, baseando-se nas especificações que estão a ser feitas em França. Numa carta conjunta, assinada pelos líderes das empresas, é salientado que as leis da física são iguais tanto nos Estados Unidos como em França, apontando que investiram mais de 80 mil milhões de dólares na compra de espectro de 5G ao Governo e vários milhares de milhões no respetivo desenvolvimento, adianta o Financial Times.

A notificação de que havia um potencial perigo de interferência nos altímetros dos sistemas de aviação surgiram em novembro, depois de 10 meses do leilão do 5G ter sido finalizado. Depois de aceitarem adiar um mês, na última sexta-feira o Departamento de Transportes e a Administração Federal de Aviação publicaram uma carta a pedir às operadoras mais duas semanas de adiamento da data do dia 5 de janeiro para mais investigações.

Na carta, é referido que se não houver uma solução até ao dia 5 de janeiro, o sector da aviação dos Estados Unidos seria forçado a tomar as medidas necessárias para proteger a segurança das pessoas que viajam. Esses passos poderiam mesmo passar pela disrupção de voos ou reencaminhamento para outros cidades e cancelamentos, o que seria inaceitável. Este tempo adicional daria à FAA a possibilidade de identificar os aeroportos prioritários e tomar as medidas para mitigar os eventuais efeitos do 5G.

A última proposta das zonas de exclusão avançadas pelas operadoras será agora analisada pelos reguladores, disse um porta-voz da FAA à publicação. As operadoras afirmam que não tem havido qualquer alerta da FAA dos voos entre os Estados Unidos e França, dizendo que não existe diferença entre a sua proposta da zona de exclusão com a francesa.

O comissário federal de comunicações Brendam Car, referiu que os serviços 5G em questão, lançados no espectro de banda-C, já foi lançado em mais de 40 países sem qualquer relato de interferência na aviação. É ainda avançado que os pedidos de adiamento do 5G fazem parte de uma tendência disfuncional entre certas agências federais que descordam com o processo que o Congresso estabeleceu sobre as decisões da política do espectro, escreveu em carta citada pelo FT.