Maior velocidade, que pode chegar aos 20Gbps, maior mobilidade, até 500 quilómetros por hora, menor latência, que se aproxima de 1ms e a possibilidade de ter  um grande número de dispositivos ligados, cerca de 1 milhão po Km². Este é o potencial oferecido pela quinta geração de comunicações móveis, que poderá beneficiar múltiplas áreas, como os  carros autónomos, a Internet das Coisas e a todos os serviços que necessitem de rapidez de conectividade. Upload e download de vídeo incluídos, num dos aspectos que mais imediatamente podem interessar aos utilizadores finais.

As promessas do 5G são muitas e começam a tomar forma à medida que se avança no mapa definido para a sua disponibilização. E ontem, em Portugal, foi dado mais um passo, pela Anacom, que anunciou a libertação da faixa dos 700 MHz para a tecnologia, que deverá acontecer entre o último trimestre de 2019 e 30 de junho de 2020.

Já depois de vários momentos de preparação, a Altice mostrou esta quarta-feira, em parceria com a Huawei, um terminal pré-comercial 5G a funcionar sobre a sua rede, com o objetivo de refletir o ecossistema desde o terminal de cliente até às plataformas de serviço.

O equipamento terminal (router), que já tinha apresentado na última edição do World Mobile Congress, foi desenvolvido para suportar a nova geração da tecnologia, que consiste numa nova rede rádio e numa nova rede de controlo 5G, bem como na utilização de um conjunto de antenas ativas.

Estas novas antenas são mais complexas e inteligentes do que as antenas normalmente instaladas nas redes móveis, integrando cada uma delas 64 recetores e 64 emissores de sinal (beam forming e Massive MIMO), com a intenção de melhorar significativamente a qualidade da transmissão e, por consequência, a qualidade do serviço prestado.

A demonstração baseou-se em dois use cases, o primeiro de utilização da tecnologia 5G para fazer a recepção de streaming de TV 4k. O segundo, pegando no mesmo use case, mas com a medição do débito de downlink.

“Estamos aqui a fazer uma demonstração com tecnologia fibra em ambiente de rede real com terminais 5G. Isto é rede viva pela primeira vez em Portugal. Não é LTE +++, não é LTE com IoT, é 5G mesmo”, sublinhou Luís Alveirinho durante a demonstração.

Recorde-se que, no ano passado, a Altice fez uma demonstração com a Ericsson, no TechDays  em Aveiro, e durante o Web Summit fez a primeira demonstração em Portugal, e uma das primeiras no mundo, de um débito de 1,7 Gbps sobre uma rede móvel 4,5G. Esta velocidade superou cinco vezes a velocidade das redes móveis e duas vezes a velocidade premium de fibra ótica à data da demonstração.

Em fevereiro deste ano a empresa assinou um protocolo de colaboração com a Huawei no Mobile World Congress (MWC) em Barcelona, para o desenvolvimento da tecnologia. Esta é a segunda colaboração entre a Altice e a Huawei para Portugal num curto espaço de tempo, depois de as duas empresas lançarem o Golabs, um laboratório criado com o objetivo de potenciar a criação de produtos e serviços na área da IoT.

A tecnologia 5G está a ser trabalhada pela Altice há vários anos, através da Altice Labs que lidera o consórcio para a implementação do 5G em Portugal. Este consórcio tem o apoio do COMPETE 2020, no âmbito do Sistema de Incentivos às Empresas, Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, Programas Mobilizadores.

Terminais de trazer na mão ainda vão demorar

“Até o 5G chegar ao smartphone, vai levar tempo”, respondeu Chris Lu, CEO da Huawei em Portugal, sobre a disponibilidade da quinta geração móvel para o cliente individual. “Ainda não sei especificamente quando vamos vender terminais, mas penso que em 2020 já teremos alguns protótipos funcionais”.

Já o terminal que serviu de base à demonstração, destinado ao mercado empresarial, deverá ser disponibilizado comercialmente na Europa “muito em breve”, referiu o responsável.

A GSMA Intelligence estima que o 5G represente mais de 30% do total das ligações móveis na Europa em 2025, com 214 milhões de utilizadores. Uma pesquisa a nível global da Gartner conclui, ainda, que mais de metade das empresas (57%) pretende utilizar o 5G para suportar a comunicação com a Internet of Things (IoT), um dos drivers fundamentais, neste ano de 2018, do investimento em Tecnologias de Informação.