Em Portugal ainda não há datas fechadas para a rede 5G avançar e aguardam-se decisõessobre a atribuição das licenças, mas mesmo assim as três operadoras móveis têm já feito várias demonstrações de casos de utilização das novas redes, com streaming de TV, imagens em realidade virtual, jogos, condução autónoma e comunicação em caso de emergência. Mas o potencial é muito mais vasto, como defende Nuno Roso, Head of Digital Services of Ericsson Portugal, em entrevista ao SAPO TEK.

“Não pode ser só tecnologia, tem de ser monetizado, tem de haver negócio para fazer sentido avançar com as redes 5G.Apesar das redes 4G com LTE já poderem suportar muitos desses modelos de negócio, há alguns que só são possíveis com 5G”, explica.

Para a Ericsson o 5G já é uma realidade e a empresa tem uma grande aposta nestas redes e está a operacionalizar 15 redes, tendo comunicado ainda que tem já 23 contratos firmados com operadores. As áreas em que está a apostar é a banda larga móvel, com a velocidade e a aposta na realidade aumentada e virtual, muito focado no consumo; o Fixed Wireless Access que pode substituir o acesso físico de fibra; o Massive Machine Type, em comunicações massivas a máquinas, com ligações à internet das coisas e biliões de devices.

Redes 5G da Ericsson
créditos: Ericsson

Nuno Roso adianta ainda que a área de Critical Communications onde se pode usar o 5G na sua extensão máxima, e que exige ter uma rede core bastante eficiente e dedicada, de 5G, que permite a implementação dos casos onde a baixa latência é obrigatória, como a condução autónoma, cirurgias remotas e tudo o que são aplicações industriais.

“Vemos isto como um caminho progressivo. Muitos destes use cases já podem ser vistos aos dias de hoje e com a introdução do 5G, do ponto de vista de hardware e licenciamento, vai haver uma evolução baseada na estratégia de cada operador e dos use cases que quiserem monetizar”, adianta, explicando que pode haver operadores que queiram ter uma estratégia mais de IoT, outros mais virados para a indústria onde vão necessitar da área mais crítica. “Há várias configurações disponíveis, e a maneira como o nosso portfólio está construído é para haver uma flexibilidade da migração mais suave possível, sem disrupção das redes atuais e maximizando os ativos atuais de rede para ir suportando de uma maneira sustentável todos estes use cases”, afirma Nuno Roso.

Nuno Roso, Head of Digital Services da Ericsson Portugal
créditos: Ericsson

Do lado dos consumidores e da indústria, os dados partilhados nos relatórios da Ericsson mostram que existe uma grande apetência para o 5G. 35% dos utilizadores esperam ter acesso a novos serviços e 70% das indústrias estão disponíveis para pagar um valor premium para novos serviços. “O maior potencial do 5G está na indústria e não no consumidor final”, sublinha.

Turismo, Indústria e Mar podem ser principais use cases

E os operadores portugueses, onde podem apostar para diferenciar o 5G do 4G? Nuno Roso explica que se fez algum trabalho interno sobre o tema e aponta as áreas de Turismo, com a realidade aumentada como um dos potenciais, mas também a indústria, com casos críticos de automação e controle robótico. Pela ligação ao mar e aos portos e marinas esta é uma área onde o responsável pelos serviços digitais da Ericsson acredita também poder existir uma aposta forte, tal como na área da cultura e dos festivais, onde a MEO, Nos e Vodafone mostraram este ano exemplos de utilização do 5G.

Apesar de terem parcerias para desenvolver novos casos de utilização, Nuno Roso lembra que o go to market da Ericsson é muito via operadores, mantendo porém parcerias com dezenas de universidades e players industriais para fazer testes e replicar em alguns países.

“Os operadores, e mesmo a indústria de Telecom, estão muito focados no cliente final e é importante estas parcerias com outros players para perceber melhor quais os casos de uso que fazem sentido para explorar todo o potencial do 5G”, afirma.

A aposta é ainda mais crítica quando se percebe que é na aposta nas redes 5G que os operadores podem maximizar as suas receitas. Se não houver desenvolvimento nesta área o crescimento será de apenas 1,5% ao ano, e o potencial de aumento com as novas redes pode ir até 36%.

“É um potencial de 619 mil milhões de dólares a nível mundial, só para os operadores, não estou a falar dos IT Players onde o potencial é muito maior. Só que o operador vai ter de mudar o seu papel de fornecedor de conetividade apenas para um papel de criação de serviço”, sublinha.

Questionado pelo SAPO TEK sobre o atraso na atribuição de licenças e na eventual cobrança de valores elevados num potencial leilão de 5G, Nuno Roso mostra alguma preocupação. “Temos sido líderes [em Portugal] em todas as tecnologias móveis e no 5G não é isso que está a acontecer”, afirma, lembrando que as redes de nova geração são impulsionadoras da economia.

O responsável da área digital da Ericsson admite também que é preciso um equilíbrio de sustentabilidade financeira de investimento porque quando mais caras forem as licenças mais se atrasa o desenvolvimento da rede.

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