As operadoras de redes de telecomunicações móveis que depositaram todas as
suas esperanças na disponibilização de serviços wireless de dados de
terceira geração (3G), na tecnologia de UMTS (Universal Mobile
Telecommunications System
)
e, sobretudo, as que desempenham a sua actividade na Europa, estão neste
momento numa situação difícil. Mas, segundo a empresa de estudos de mercado Datacomm Research,
este panorama é superável.

O grande problema para as operadoras europeias de UMTS é que tiveram que
despender elevadas somas para as suas licenças 3G, mas a tecnologia
necessária só vai estar disponível daqui a três anos, no mínimo. "Na Europa,
as operadoras gastaram cerca de 120 mil milhões de dólares no espectro de
UMTS, mas desde então ocorreram sucessivos atrasos nos lançamentos
comerciais", afirmou Ira Brodsky, presidente da Datacomm. "Precisam de
encontrar uma forma para reduzir os seus custos cada vez mais elevados ou
diminuir o tempo de espera".

O WCDMA (Wideband Code Division Multiple Access) é o padrão 3G para os
operadores que se encontram actualmente no processo de migração do GSM
(Global System for Mobile Communications) para o GPRS (General
Packet Radio Service
) e deste para o UMTS e tenderá a evoluir a par e
passo com as redes 3G CDMA2000 que os operadores norte-americanos estão a
implementar. Contudo, muitas empresas do sector têm dúvidas em relação a esse
processo de migração, em parte porque os terminais dual-mode GSM-WDCMA
que podem funcionar com redes mais antigas e mais recentes só deverão ser
introduzidos na Europa dentro de alguns anos.

Para Brodsky, uma das poucas alternativas que restam às operadores é esperar
que as diferentes entidades reguladoras nacionais ofereçam uma maior
flexibilidade de pagamento da licença de UMTS, o que irá permitir efectuar
algumas correcções de percurso à implementação das redes 3G.

Ao mesmo tempo, as companhias deste sector necessitam da liberdade para
utilizar outras tecnologias como a EDGE (Enhanced Data for GSM
Evolution
), redes locais públicas sem fios, CDMA2000 ou ainda uma
combinação destas escolhas. "A aliança entre o governo e a indústria
funcionou bem com o GSM, que se veio a tornar no padrão europeu, mas a 3G é
muito mais competitiva", explica Brodsky, que acrescenta que "o governo devia
tornar as legislações menos rígidas e flexibilizar as condições de pagamento
pelas licenças de UMTS. De outro forma, iremos assistir a uma série de
falências nas operadoras".

O presidente da Datacomm Research prevê que a tecnologia CDMA2000 venha a
conquistar a fatia de leão em relação ao número de utilizadores de redes 3G
num futuro próximo. De acordo com os seus dados, existem actualmente 25
milhões de clientes de redes CDMA, em comparação com os apenas 150 mil
subscritores do WDCMA, sendo que a maior parte destes estão localizados no
Japão, onde a NTT DoCoMo
lançou o i-Mode, uma tecnologia baseada nesse mesmo padrão.

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