Num debate promovido pela Anacom, que juntou no mesmo palco representantes da Microsoft, da Media Capital, da Fremantle Media, da Universidade Nova de Lisboa e da Autoridade da Concorrência dominou a ideia de que operadores de telecomunicações e OTT podem e devem cooperar, já que mantêm negócios que se alimentam mutuamente e que a tendência será cada vez mais a diluição das fronteiras que marcam o território de uns e de outros.

Os operadores de telecomunicações tradicionalmente disponibilizam redes e serviços de acesso a dados e voz fixa ou móvel. Os OTTs são empresas como a Google, o Facebook ou a própria Microsoft que têm serviços online a funcionar em cima dessas redes de acesso, muitas vezes concorrentes dos primeiros. É o caso de um Skype, um WhatsApp ou um Messenger, que se afirmam como alternativas às comunicações tradicionais de voz ou texto.

São comuns as queixas dos operadores relativamente a esta concorrência. Defendem que este tipo de serviços lhes sobrecarregam as redes, diminuem receita e podem influenciar negativamente o interesse em novos investimentos. Paulo Gonçalves, diretor do departamento de controlo de concentração da Autoridade da Concorrência, discorda. Quando olha para a situação atual não vê redes congestionadas e não encontra razões para considerar que os incentivos ao investimento estão em causa. Vê margem para o surgimento de parcerias e antecipa que os operadores de telecomunicações entrem cada vez mais nos domínios que os OTT hoje exploram com o lançamento dos seus próprios serviços, como aliás já começaram a fazer, defendeu no debate.

A visão foi partilhada por outros participantes, que encontraram mais exemplos sintomáticos da tendência, como a aposta da Google para a criação do seu próprio operador de telecomunicações, através do Project Fi, como destacou Alberto Silva, diretor da unidade de negócio do Office da Microsoft Portugal. A rede que suporta a oferta é de operadores tradicionais, mas a empresa quis chamar a si a gestão de um serviço de acesso à Internet.     

Já para Ricardo Tomé, diretor coordenador da Media Capital Digital, este encontro de interesses entre operadores de rede e OTTs será cada vez mais marcado pelo interesse comum em conteúdos próprios. Marcas como a Microsoft terão cada vez mais interesse em ligar-se a marcas como o Real Madrid, exemplificou o responsável que, na mesma linha, referiu as parcerias milionárias da NOS e da MEO com os maiores clubes de futebol em Portugal.

O debate promovido pela Anacom fez parte de uma sessão onde também coube a apresentação de um estudo da Qmetrics, que avaliou a economia do negócio dos OTT e a forma como os portugueses usam estes serviços, um tema ao qual o TeK já tinha dado destaque. Pode ver os principais indicadores apurados no estudo nesta galeria. 

 

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