Na última terça-feira pelo menos 12 pessoas morreram, numa lista que inclui duas crianças e 2.800 ficaram feridas devido à explosão de milhares de pagers na capital do Líbano e vários pontos do país. Do grupo constam membros do grupo libanês pró-iraniano. O governo libanês e o Hezbollah acusaram Israel de sabotagem, mas Telavive não assumiu responsabilidades, comentando que acompanha a situação no país vizinho.
Os ataques de sabotagem foram realizados em duas fases. Depois da explosão dos pagers na terça, esta quarta-feira foram registadas novas explosões, desta vez em walkie-talkies na posse de membros do Hezbollah, nos arredores de Beirute e no sul e leste do Líbano, enquanto decorriam os funerais dos elementos mortos no dia anterior, refere a Lusa, citando fontes noticiosas libanesas e próximas do grupo xiita via AFP. A CNN publicou um vídeo que mostra uma das explosões de de um walkie-talkie.
Ainda não é claro como é que este ataque, considerado como altamente sofisticado, ocorreu. Segundo avança a BBC, análises dos fragmentos dos pagers sugerem que estes foram fabricados pela empresa taiwanesa Gold Apollo, embora o CEO da empresa tivesse negado, apontando que os m esmos foram construídos em licenciamento por uma empresa húngara.
As explosões tiverem início às 15h45 (hora local), com testemunhas a reportar terem visto fumo a sair dos bolsos das pessoas, antes de verem pequenas explosões que lembravam fogo de artifício e disparos. Imagens de câmaras de vigilância mostram uma explosão no bolso das calças de uma das vítimas. Entre as vítimas estavam o embaixador do Irão no Líbano e o ministro da saúde do Líbano.
Uma das teorias sobre a detonação é que os pagers terão recebido mensagens que eram aparentemente da liderança do Hezbollah antes de detonarem. E que foram essas mensagens que detonaram os equipamentos. Entre a primeira e última explosão passou-se uma hora e pouco depois os hospitais começaram a ser inundados pelos feridos.
Os analistas explicam que os equipamentos foram alterados durante a sua construção ou sabotados quando estes estiveram em circulação. Fontes da segurança libanesa referem que uma pequena quantidade de explosivos foi colocada no interior dos equipamentos há vários meses. E um especialista em munições, ex-militar do exército britânico, apontou que estes equipamentos podem ser detonados via sinal remoto.
Os cerca de 5.000 pagers foram adquiridos há cinco meses, apontou um oficial da segurança libanesa à Reuters, citado pela BBC, do modelo Rugged Pager AR-924. A fabricante Gold Apollo, que nega ter fabricado este lote, teve rusgas policiais nos seus escritórios, testemunhado pelos jornalistas da BBC. O licenciamento foi feito a uma empresa húngara chamada BAC, em que a respetiva morada aponta para um edifício indefinido, nunca atendendo as chamadas de telefone. Segundo a NBC, os pagers têm 85 dias de autonomia, que são cruciais devido aos constantes cortes de energia, além de operarem numa rede wireless diferente dos telemóveis, sendo mais resilientes em emergências, daí serem utilizados em hospitais em todo o mundo.
A razão do Hezbollah utilizar pagers deve-se ao facto de serem mais difíceis de rastrear do que um smartphone. Em 1996, as forças de Israel assassinaram um responsável do Hamas por produzir bombas detonando o seu telemóvel, levando a organização terrorista a descartar os equipamentos.
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