Num encontro promovido pela Obercom e pela Ordem dos Engenheiros para debater os avanços e impactos da televisão interactiva, representantes locais da indústria debateram os principais constrangimentos para massificação do serviço e os desafios que se colocam aos operadores de televisão que não querem perder audiências com o investimento em novos formatos TV que permitam a interactividade.



Pedro Carrasqueira, representante da Octal TV assumiu que a empresa tem adequado o seu modelo de negócio e os produtos de coloca no mercado em função da evolução de tendências e da procura de serviços que evoluiu de forma distinta às previsões iniciais. O responsável considera que a tecnologia não é entrave ao desenvolvimento da televisão interactiva, "condicionado sim pelo preço do hardware e pela falta de apetência dos consumidores para produtos que exijam constante escolha e decisão".



A Octal TV destina actualmente 80 por cento da sua produção para o mercado internacional, tendo começado por apostar em produtos que permitissem uma interactividade completa (high end) que gradualmente converteu em ofertas menos ambiciosas e com níveis de interactividade muito reduzidos (low end), complementadas com funcionalidades de DVD RW, que vão mais ao encontro das preferências dos consumidores.



Os representantes dos três canais portugueses com sinal aberto, por seu lado, são unanimes em considerar que um programa interactivo tem primeiro de ser um programa de televisão e que a interactividade não poderá excluir da audiência os espectadores que não pretendam intervir nas emissões.



Os operadores reconhecem que o meio de interactividade por excelência continua a ser o telefone fixo, ao que se seguem as mensagens de texto via telemóvel (SMS). José Louro, da Media Capital, salientou a limitação de algumas destas formas de interacção com a falta de mecanismos de controle de repartição de receitas entre operadores móveis e estações de televisão (por exemplo), enquanto teceu fortes críticas ao grupo PT que, segundo considera, deixou de partilhar a estratégias para a plataforma de cabo interactiva retraindo o investimento dos concorrentes/parceiros nesta área.



Lourenço Meneses da RTP lançou também algumas críticas à PT, salientando a falta de dados sobre as preferências dos consumidores que permitam aos operadores melhor dirigirem as suas ofertas. Este responsável crítica igualmente os problemas de largura de banda da Power Box da TV Cabo, que limita os conteúdos produzidos pelos operadores.



Outra das preocupações dos operadores prende-se com o tipo de programas e serviços em que deverão concentrar as suas apostas. João Galveias da SIC explica que o trabalho da estação neste domínio tem revelado que os formatos interactivos devem permitir ao espectador ter a capacidade de influenciar a narrativa e intensificar os sentimentos de comunidade, sem excluírem consumidores menos disponíveis para a interacção.




Francisco Rui Cádima da Obercom explicou ao TeK que o "objectivo do encontro foi sistematizar e actualizar um conjunto de informações e saberes relativos à apropriação das tecnologias interactivas por parte dos públicos". O responsável do Observatório apontou alguns obstáculos e bloqueios à massificação da iTV que passam pela falta de standards normalizados - uma tendência que começa a alterar-se com os esforços da indústria.




No evento esteve um representante da Philips, envolvido no processo de desenvolvimento do Multimedia Home Plataform, um standard desenvolvido pela DVB e que tem vindo a ganhar força nos Estados Unidos, no Japão e também na Europa. Para já, nem este nem qualquer outro standard conta com o aval da Comissão Europeia, o que se tem revelado mais um factor de bloqueio ao desenvolvimento de novos serviços e à massificação da tecnologia.



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