Os telefones GSM da maioria dos utilizadores podem ser facilmente “escutados” com recurso a alguns milhares de dólares em hardware e a ferramentas open source, defenderam peritos de segurança durante a Chaos Communication Conference.

No evento, que decorre em Berlim até 30 de Dezembro, Karsten Nohl, um engenheiro informático alemão, afirmou que conseguiu contornar a encriptação usada para proteger as conversas telefónicas ou as mensagens de texto trocadas com base na tecnologia GSM.

Reunidas com a colaboração de outros peritos, as extensas cracking tables, através das quais é possível decifrar o tráfego GSM, foram publicadas online pelo seu autor, com referência ao hardware e software necessário.

Com a acção, Karsten Nohl e os seus “colaboradores” quiseram mostrar publicamente as vulnerabilidades da rede e convencer as operadoras a utilizarem sistemas mais seguros, refere o The New York Times. A tecnologia GSM funciona há mais de 20 anos e serve de base às comunicações de 80 por cento dos telemóveis de todo o mundo.

A norma contornada por Nohl denomina-se A5/1 e tem uma chave de 64 bits, e embora existam versões superiores, como a A5/3 de 128 bits, nem todas as operadoras adoptaram a versão mais recente, já que seriam obrigadas a fazer investimentos adicionais.

Estes sistemas são considerados seguros porque é pouco prático decifrá-los testando todas as chaves, mas a equipa de peritos conseguiu reunir uma enorme lista de dados, com todas as combinações possíveis, que permite encontrar mais facilmente a chave certa, sem ser necessário testar uma a uma.

Estas cracking tables estão agora disponíveis na forma de ficheiros nas redes peer-to-peer.

Um porta-voz da GSM Association, citado pela PC World, referiu que a entidade irá analisar as reivindicações dos investigadores nos próximos dias e fez questão de recordar que as escutas telefónica são ilegais em muitos países.

O TeK contactou as operadoras móveis nacionais no sentido de confirmar qual a norma GSM usada por cada uma e para obter um comentário à situação, mas até ao momento não obteve qualquer resposta.