As universidades e politécnicos do sistema de ensino público vão a partir do final deste ano comunicar entre si através de voz sobre IP, numa medida que faz prever poupanças de custos significativas, ainda não estimadas.



A informação foi avançada hoje por Pedro Veiga, presidente da Fundação para a Computação Cientifica Nacional, cuja rede dará suporte ao projecto, à margem de uma conferência de imprensa.



O facto de actualmente muitas universidades não contabilizarem de forma centralizada os seus custos com comunicações, e não dissociarem os custos das comunicações entre e si das comunicações com o exterior não permitiram ainda fazer uma estimativas de poupanças para esta primeira fase do projecto.



Sabe-se já que numa segunda fase, quando todas as comunicações destas instituições seguirem o mesmo processo, vai ser possível poupar anualmente 2 milhões de euros. Este valor diz apenas respeito ao aluguer dos circuitos primários RDIS, que traduzem os encargos de ligação. Falta ainda contabilizar as poupanças ao nível das comunicações propriamente ditas.



A generalização do projecto está em estudo pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior mas até à data não tem recolhido boas reacções dos operadores que alegam incapacidade para fornecer serviços. A tutela está a estudar todas as hipóteses, incluindo a possibilidade de recorrer a fornecedores de serviços estrangeiros.



Para garantir o arranque das comunicações em voz sobre IP na totalidade das universidades e politécnicos do sistema público de ensino vão ser investidos 5 milhões de euros.



Ligação em Espanha através de fibra óptica operacional daqui a 7 meses



Daqui a sete meses deverá estar operacional a primeira das duas ligações previstas para a rede académica nacional, com Espanha. A medida foi definida no âmbito da cooperação Portugal/Espanha para a área da investigação e prevê a ligação dos dois países através de Elvas e Valença.



O concurso público para a realização da ligação a Valença (já ligada a Espanha) já decorreu e o trabalho acabou por ser entregue à Portugal Telecom que na próxima semana assina o contrato e inicia os trabalhos, com conclusão prevista para meados do ano.



A ligação a Elvas fica para já adiada já que as duas ligações excediam a verba prevista, explica Pedro Veiga. A FCCN tinha um budget máximo de 3 milhões de euros para as duas ligações, calculado com base nos preços praticados em 2004 - aquando da ligação em fibra óptica entre Lisboa e Braga (com passagem por Coimbra, Aveiro e Porto) e num tecto de mais 50 por cento.



Das duas empresas a concurso apenas a PT apresentou uma proposta dentro dos valores definidos (pouco mais de um milhão de euros) para a ligação a norte. No caso de Elvas concorreu apenas ao fornecimento da infra-estrutura a Refer com valores que impossibilitaram a realização do projecto, explica Pedro Veiga.



Para além das ligações com Espanha, que vão estender a rede nacional de fibra óptica agora limitada a Lisboa-Braga, está prevista a extensão da rede académica em fibra óptica a outros nós do país, coincidentes com as capitais de distrito, mas o projecto não deverá concretizar-se num horizonte temporal inferior a 3 ou 4 anos.



As estimativas apontam para um investimento necessário de 20 a 25 milhões de euros para a concretização do projecto.



A ligação em fibra óptica entre Lisboa a Braga cobre um total de 400 quilómetros e custou à data 2,8 milhões de euros. A ligação entre Braga e Valença compreende uma área de cerca de 100 quilómetros, um pouco menos que a ligação a Elvas.



Cristina A. Ferreira



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