A Apritel apresentou ontem um estudo sobre a viabilidade económica dos investimentos em Redes de Nova Geração no mercado português. Uma das recomendações do estudo apontava para a necessidade de transparência regulatória e das intenções de investimento dos operadores, como forma de clarificação do mercado.

À margem da conferência o TeK questionou Luís Reis, presidente da Apritel sobre esta questão.

[caption]Luis Reis, presidente da Apritel[/caption]

TeK - Este estudo fala do problema que se poderá gerar pela falta de transparência, que não torna o investimento claro para os operadores. Em Portugal existe essa falta de transparência? Se olharmos para o mapa de Portugal em fibra óptica existem já diversos investimentos em fibra, da Sonaecom e da Vodafone mas também de outros operadores e até de entidades regionais...
Luis Reis -
Em Portugal existe a necessidade de termos maior clareza relativamente à situação quer dos investimentos em fibra quer do que se preconiza do ponto de vista regulamentar e político face à fibra. Qualquer investimento necessita de transparência no sentido de previsibilidade regulatória - conhecimento antecipado das regras do jogo. Isso é especialmente verdade num contexto como o que estamos a viver hoje em que investimentos desta dimensão são investimentos com necessidade acrescida dessa previsibilidade. Se alguma coisa pelo menos se devia fazer do ponto de vista regulatório / político seria introduzir alguma transparência...

TeK - E em relação ao que existe instalado em fibra óptica?
Luís Reis -
É preciso ter cuidado e distinguir o que são investimentos em backbone e o que é rede capilar na fibra óptica. O que existe hoje feito em grande quantidade mesmo pelos municípios são investimentos em backbone, não em rede de acesso. É praticamente marginal o investimento em acesso a casa dos utilizadores, é feito por dois operadores [Vodafone e Sonaecom], aliás por três, que a PT também tem investimentos nesta área, mas como disse são marginais em relação ao que existe em backbone.
Quando se fala em transparência fala-se em saber antecipadamente... Se houver um mega operador que vai fazer um mega investimento que diga antecipadamente onde o vai fazer na expectativa de que esse investimento seja único e depois seja partilhado por todos. Se um operador anunciasse um grande investimento dever-se-ia perguntar onde seria localizado, estando ele disponível para o partilhar - para que mais nenhum operador investisse no mesmo local. Essa seria uma medida extraordinariamente útil para que o mercado terminasse, como nós preconizámos, com uma rede de fibra única e sem desperdício de investimento.

Fátima Caçador