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A Porto Editora prepara para o dia 21 de Outubro o lançamento de mais uma
edição do seu produto multimédia Diciopédia, a oitava desde que em 1997
começou a ser desenvolvida. A Diciopédia 2005 será uma versão marcada pela
melhoria de alguns procedimentos funcionais, mas também, e como é habitual,
pela introdução de novos elementos.



Em conversa com o TeK, Rui Pacheco, director do Centro de Multimédia da
Porto Editora, destacou algumas das características que diferenciam a edição
2005 das anteriores e foi "levantando o véu" quanto ao que poderemos
esperar das próximas Diciopédias.



TeK: A edição anterior da Diciopédia esteve marcada por aquilo que a
Porto Editora convencionou chamar "webização de conteúdos". Se tivesse que
enumerar uma das características da nova versão, qual salientava?


Rui Pacheco:
Esse é um caminho que temos vindo a seguir há cerca de três
anos. A questão da "webização" foi um termo que se arranjou para as pessoas
perceberem que estávamos a tentar cada vez mais que a ferramenta de eleição
dos utilizadores fosse o mais parecida possível com os nossos conceitos.
Nesse aspecto, a própria pesquisa relacional, que introduzimos na nova
edição, aquilo parece cada vez mais um motor de pesquisa convencional, a
diferença é que temos por de trás informação estruturada e que fornece
resultados muito mais precisos, mais apelativos e sobretudo muito mais
úteis.


Aquilo que há de novo nesta Diciopédia é levar esse esforço até às últimas
consequências, quer através dos módulos novos como a Pesquisa Relacional,
onde temos uma "nuvem" de factos, quer através dos aperfeiçoamentos que
foram feitos no Módulo de Perguntas e Respostas. Por exemplo, na entrada
relativa aos Países, o pormenor de ter a possibilidade de comparar
estatísticas com outros. Algumas dessas coisas até já existiam, mas não
estavam tão visíveis, não estavam tão enquadradas. Antes era necessário ir à
procura do módulo de comparação e agora já não é preciso. Agora temos as
potencialidades inseridas nas secções.


É esse o caminho que vamos continuar a percorrer: tentar tornar mais visível
o manancial de informação que temos. Isso também é uma dificuldade que
temos: há medida que vamos tendo mais informação, também vamos tendo mais
dificuldade em passá-la às pessoas e de uma forma integrada. Nunca sabemos
qual é a pergunta que pode surgir do lado de lá.



TeK: Mas o módulo de pesquisa relacional já existia anteriormente?
R.P.:
Não. Esse é novo, tal como o Dossier de Futebol e tal como a parte
do MyDiciopédia, que na prática é uma costumização - um procedimento comum
nos sites -, por exemplo.


Depois há coisas que poderão ser mais evidentes ao navegar-se no produto.
Começando logo pelo "ecrã zero", encontramos um conjunto de coisas que não
existiam antes. Se as pessoas recuarem, o ecrã zero apresentava-se como uma
página inicial de uma aplicação multimédia standard, isto é, com um
conjunto de ligações pré-estabelecidas, fixos e agora cada vez mais aquilo é
uma homepage de um site, tem todos os módulos da Diciopédia e tem uma
zona central de destaques que podem ser condicionados aos nossos interesses.



TeK: Quanto ao módulo de Futebol, como é que surgiu a ideia de introduzir
na Diciopédia 2005 uma secção interactiva que, entre outras coisas, permite
analisar ao pormenor o plantel e cada um dos jogos de todas as equipas que
participaram na Primeira Liga da época passada?


R.P.:
Era uma ideia antiga. A Diciopédia sendo um produto de referência
nunca pretendeu ser sisudo. Queremos ter sempre em conta aquilo que
interessa às pessoas. Claro que não faria sentido ter informação sobre um
jogador obscuro do plantel de um clube qualquer... Porquê de jogadores de
futebol e não de voleibol, etc. Partindo do pressuposto que era um tema que
interessava muita gente e sobretudo porque tinha dados "trabalháveis"
segundo a mesma perspectiva da base de factos que temos, decidimos apostar.
Depois o resto acaba por acontecer porque as pessoas com quem trabalhamos e
nós mesmos também gostam dessas realidades. O futebol é daquelas realidades
transversais ...



TeK: Mas este módulo remete para a época de futebol anterior e a existir
nas próximas edições vai remeter sempre para as épocas antecedentes. Isso
não condiciona um pouco o seu sucesso? Talvez se fosse uma secção
actualizada com mais frequência ...


R.P.:

É muito complicado fazer uma actualização a "par e passo", mas não está fora de
cogitação. O módulo de futebol, sendo gerado através da base de factos, é um
pouco mais difícil, do ponto de vista tecnológico, de actualizar. Não está
fora de hipótese actualizar a própria base, mas é um trabalho que em muitos
casos exige um investimento brutal em termos de ferramentas. Não sei se o
esforço compensará o potencial interesse.



TeK: O preço de subscrição anual da Infopédia é idêntico ao praticado na
Diciopédia. Não vos interessa baixar o custo do produto enciclopédico
online para fomentar a sua disseminação? Acham que prejudicaria a
versão multimédia?

R.P.:

A Diciopédia e a Infopédia do ponto de vista de conceito de produto são duas
realidades completamente diferentes. Quando actualizamos um conteúdo na
nossa base de dados é actualizado para um lado e para o outro. Digamos que a
base texto tem muitos pontos em comum, embora a Infopédia seja mais vasta,
mas do ponto de vista da actualização temos de fazer duas coisas
completamente diferentes. Porque a actualização na Infopédia é real, na
Diciopédia é necessário compilar a informação, temos que disponibilizar um
update e depois, dependendo das alturas a que as pessoas acedem
online, puxam essa actualização.


No limite, são produtos concorrentes, embora haja muita gente que opta por
ter os dois, já que um permite a mobilidade, o outro é "estático", mas tem
mais recursos multimédia, um tem mais uma base de texto muito maior... Por
exemplo, a Infopédia tem mais dicionários do que a própria Diciopédia, tem
uma base de texto maior porque juntamos o material todo da história da
literatura portuguesa, o material todo do Atlas. Fizemos da Infopédia a
confluência de tudo aquilo de que dispúnhamos, isso tornou o produto, quer
do ponto de vista de texto, quer do ponto de vista de riqueza, de uma
capacidade maior do que qualquer outro produto ou serviço que tinhamos.
A Diciopédia é um bocado diferente porque o facto de ter um suporte físico
permite fazer coisas que ainda não são possíveis de fazer pela Net. Tem um
volume de conteúdos multimédia que a nossa banda larga ainda não permite
usufruir. Talvez daqui a três/quatro anos...


Depois, o preço da Infopédia já é mais baixo: para estudantes são 35 euros,
se a pessoa subscrever por menos tempo, porque só precisa do acesso à
informação durante determinado período, o custo também é menor, há algumas
campanhas que permitem baixar o valor. O raciocínio nunca foi o do preço.



Tek: Por que razões nunca optaram por uma política de actualizações no
lugar do lançamento anual de versões diferentes da Diciopédia?
R.P.:
Desde a primeira edição da Diciopédia que as vendas mostram que a
fórmula funciona. De certeza que há um conjunto de pessoas que fica para
trás, porque não sente a necessidade de a comprar todos os anos, porque só
usa os dicionários ou porque para si o Almanaque ou a Actualidade em si não
são relevantes. Mas existe depois um conjunto de outras pessoas, para quem
ter o "último grito" da tecnologia é importante.


Só estamos a providenciar aquilo que o mercado quer, e depois a aposta tem a
ver com o próprio valor de investimento. Se desenvolvêssemos versões de
actualização, teríamos que colocar o valor da edição normal pelo menos no
dobro.


Em segundo lugar, em muitos dos casos, tratamos os clientes das versões
anteriores preferencialmente, dirigindo-lhes campanhas específicas,
concedendo-lhes alguns privilégios, etc.



TeK: Falando em investimentos, quanto custou desenvolver a edição 2005 da
Diciopédia?


R.P.:
Temos normalmente um montante reservado que ronda os 600 mil
euros, valor esse que raramente conseguimos cumprir, segundo "lamenta" o
nosso administrador José António Teixeira. A edição deste ano custou cerca de
800 mil euros, 100 mil euros acima da 2004.



TeK: E como estão as expectativas de vendas para a nova versão deste
vosso produto multimédia?


R.P.:
Achamos que a última versão é sempre a melhor... Acreditamos que
este produto representa mais um "daqueles saltos", sobretudo uma evolução
perceptível pelo público, e isso é algo muito importante. Já houve versões
que apresentando evoluções para quem está por dentro do produto, para quem o
trabalhou - quer do ponto de vista do investimento, quer tecnológico - não
são tão palpáveis, não se traduzem em algo que as pessoas visualizem
facilmente. Desta vez, para lá do esforço todo que fizemos, vê-se, isto é,
quando pegamos no produto, comparando com a versão anterior, vê-se a
diferença que existe. Por isso, chegaremos com certeza às 50 mil unidades e
provavelmente iremos além.



TeK: Continuando a apostar no formato CD-ROM...


R.P.:
Sim, mas com expectativas de venda para o lado do DVD muito
superiores. Prevemos entre 60 e 70 por cento das vendas traduzidas no
suporte DVD e a percentagem subjacente em CD. Acredito que se as pessoas
tivessem uma maior "literacia informática", o DVD tinha muito mais vendas.
Julgo que as pessoas quando estão a comprar o produto para terceiros, em
caso de dúvida optam sempre pelos CDs. Mas o desempenho do DVD tem sido
crescente e por isso este ano, em vez do meio por meio verificado na edição
anterior, iremos um pouco mais além.



TeK: Terminava perguntando o que poderemos esperar das futuras edições da
Diciopédia?


R.P.:
No próximo ano teremos que fazer, essencialmente, um esforço
grande ao nível da reformulação do próprio conceito dos módulos. Alargar
algumas das aplicações actuais, conceitos de navegação que temos
actualmente... Daqui a um mês talvez já tivesse informação mais completa
para dar. Nós acabamos de fazer uma versão e começamos imediatamente a
trabalhar na próxima com base naquilo que gostaríamos de ter feito naquela
versão vamos criando uma wishlist das coisas que achamos que é
possível trabalhar mais e depois decidimos o que é praticável nas várias
vertentes. Para já, aquilo que é possível observar são os aspectos em que
permaneceu a distância entre aquilo que desejámos e aquilo que acabámos por
conseguir. Nesses vamos trabalhar, seguramente.

Patricia Calé