Por Francisco Jaime Quesado (*)
Portugal assume a partir de 1 de Janeiro a Presidência do Conselho Europeu. Nestes tempos complexos que vivemos, será certamente um momento único para reposicionar o papel da Europa na nova agenda global. Uma agenda onde o digital será um enabler de modernidade operativa mas também uma fronteira positiva entre a aposta na inovação e a realização dum desejado equilíbrio social. Portugal é já há muito um lab demonstrador das melhores práticas ao nível da administração pública, universidade e também muitas empresas de processos de transformação digital de nova geração. E a boa prática no nosso país será certamente o contexto e o pretexto para ajudar na implementação dos futuros Programas de Resiliência que se espera possam contribuir para uma Europa mais Inovadora e Inteligente.
A construção de uma Europa mais Inteligente é um desafio complexo e transversal a todos os países – e seus atores - atores e exige um capital de colaboração entre todos. Com o digital a nossa sociedade será cada vez mais diferente e o grau de liberdade de participação das pessoas passará a ter uma dimensão nunca antes possível – a informação passará a estar disponível a todo o momento e a ser a base de novas plataformas de inteligência estratégica, dinamizadoras de novas redes de colaboração e de novas soluções para os novos problemas que surgiram. Como o Portugal Digital já o demonstra, pretende-se uma capacidade e ritmo de execução num contexto de competência cada vez mais exigente.
A Presidência Portuguesa do Conselho Europeu deverá ser uma plataforma aberta de discussão e partilha de ideias para responder a várias questões a que a Europa terá que no futuro saber dar resposta:
- Qual o caminho a dar às TIC enquanto instrumentos centrais duma política activa de intervenção pública como matriz transversal da renovação da nossa sociedade ?
- Qual a forma possível de fazer das empresas (e em particular das PME) os atores relevantes na criação e valor e garantia de padrões de qualidade e vida social adequados, num cenário de crescente deslocalização económica?
- Qual o papel efetivo da educação como quadro referencial essencial da adequação dos actores sociais aos novos desafios da sociedade do conhecimento? Os atores do conhecimento de que tanto se precisa são educados ou formados?
- Qual o papel do I&D enquanto área capaz de fazer o compromisso necessário entre a urgência da ciência e a inevitabilidade da sua mais do que necessária aplicabilidade prática para efeitos de indução duma cultura estruturada de inovação?
- Qual o sentido efetivo das políticas de empregabilidade e inclusão social enquanto instrumentos de promoção dum objetivo global de coesão social? O que fazer de todos os que pelo desemprego se sentem cada vez mais marginalizados pelo sistema?
Estas são algumas das questões que estão em cima da mesa e que a Presidência Portuguesa do Conselho Europeu irá certamente abordar. Este é um tempo em que temos que ser capazes de agarrar um novo desafio estratégico para o futuro e a Europa que queremos, devemos e podemos ter será sempre o resultado deste compromisso inteligente que todos nós cidadãos europeus conseguirmos fazer.
(*) Economista e Gestor – Especialista em Inovação e Competitividade
Este artigo faz parte do Dossier O melhor e o pior de 2020. E as expectativas para 2021. Leia aqui todas as análises e artigos deste especial
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