O Movimento pela Utilização Digital Ativa (MUDA) já leva alguns meses no terreno depois de ter sido lançado oficialmente em maio. Várias iniciativas foram desenvolvidas em diferentes pontos do país, há um quizz online para “validar” o nível de maturidade digital dos portugueses e a comunicação das vantagens de utilizar as ferramentas digitais tem sido feita através dos vários parceiros, mas há ainda muito trabalho a desenvolver.
Este mês o projeto vai lançar o programa nacional de voluntários MUDA que pretende mobilizar os mais jovens, nativos digitais, para ajudarem a população menos familiarizada com os serviços online. A ideia é que sejam os mais novos a apoiar os mais idosos para utilizarem a internet, na utilização dos serviços mais básicos ou numa utilização mais sofisticada.
Alexandre Nilo Fonseca, presidente do MUDA, respondeu a algumas questões do TEK fazendo o balanço do projeto e explicando os objetivos desta nova fase.
TEK - Um dos aspetos mais abordados na recente conferência Digital by Default organizada pelo MUDA no Porto é o papel do Estado na transformação digital. Parece-lhe que este é um ponto a desenvolver na evolução do Portugal Digital? Qual é a vossa visão nesta área?
Alexandre Nilo Fonseca - É importante começar por referir que a oferta de serviços digitais do Estado e das empresas em Portugal está ao nível do que de melhor que se faz na Europa – ou mesmo no Mundo. É inquestionável o progresso e a aposta que o Estado tem feito – basta lembrar os programas governamentais Simplex (2007) e Simplex+ (2016), os contratos públicos eletrónicos obrigatórios (2009) ou o e-factura (2013). Este esforço foi igualmente desenvolvido pelas empresas – sobretudo pelas de maior dimensão – na digitalização da sua atividade. No entanto, o nível de adoção destes serviços pelos portugueses é ainda particularmente baixo e, segundo vários estudos revelam, tal prende-se com o baixo nível de competências digitais dos portugueses: mais de 25% dos portugueses nunca usaram sequer a Internet e menos de 30% possuem competências digitais avançadas.
O Estado Português tem um papel, enquanto legislador, regulador e até promotor, que é essencial para que se crie uma dinâmica de mudança que leve a internet a todos os lares e empresas e que se desenvolvam as necessárias medidas para que todos, sem exceção, possam e saibam usar os serviços digitais. Mas as empresas podem ter um papel fundamental no desenvolvimento de uma estratégia digital para o País.
Como resposta a este desafio nasceu o MUDA, um movimento representativo da sociedade civil com propostas concretas que possam ajudar a acelerar o processo de transformação digital de Portugal. Sendo um movimento impar em Portugal, o MUDA é constituído por dezenas de organizações privadas e públicas, incluindo algumas das maiores empresas nacionais, com o objetivo de tornar Portugal mais Digital.
Um dos objetivos do MUDA é que seja criada em Portugal uma Legislação 4.0 que permita ao Estado, às empresas e aos consumidores poderem aproveitar todo o potencial da internet. Neste sentido, o MUDA desenvolveu com a colaboração de todos os seus parceiros, um plano de Acão denominado “Digital By Default” que significa simplesmente que todos as atividades que realizamos no dia-a-dia - quer enquanto consumidores, empresas ou até administração pública - devem ser digitais por defeito. Tal não significa que seja a única alternativa – nomeadamente, enquanto nem todos tiverem acesso à internet - mas apenas que deve ser sempre a primeira opção.
TEK - Como está a ser a evolução do projeto no terreno? Têm conseguido mobilizar as pessoas?
Alexandre Nilo Fonseca - Os primeiros meses do projeto foram fundamentais para sensibilizar os portugueses quanto às vantagens que a internet pode oferecer. Neste sentido foi criado o site www.muda.pt com um conjunto de informação útil para os utilizadores básicos de internet no formato de pequenos vídeos explicativos sobre as vantagens da comunicação digital, das compras online ou da banca digital, entre outras. Outra das funcionalidade do site é a disponibilização de um Quizz simples e intuitivo onde os consumidores poder avaliar os seus conhecimento. Por outro lado, fizemos um roadshow nacional onde contactámos diretamente com milhares de pessoas ao longo de várias cidades do Minho ao Algarve. Fizemos ainda uma campanha nacional de sensibilização que passou na nos vários canais da TVI e da SIC bem como em vários meios da imprensa escrita – estes meios são importantes para chegar à população que não usa a internet.
Vamos agora entrar numa nova fase do projeto onde queremos começar a chegar ainda a mais portugueses. As pessoas que não utilizam a internet ou que a utilizam de forma básica são muitas vezes os mais velhos que nasceram antes da Internet. Por outro lado, os jovens – que são nativos digitais – sabem como criar um email, sabem usar redes sociais e obviamente usar as mais variadas aplicações. Achamos que quem nos pode ajudar a chegar aos portugueses menos digitais são precisamente os jovens. Por isso vamos agora lançar o projeto dos voluntários MUDA.
TEK - Como está a avançar o projeto do Voluntário MUDA? Já têm voluntários?
Alexandre Nilo Fonseca - O Programa de Voluntários MUDA pretende apelar aos jovens para serem agentes de uma mudança que começa na sua casa, na sua rua ou até mesmo no seu bairro, explicando a quem lhes é mais próximo como fazer a transição para o digital. Esse apoio é em muitos casos algo muito simples como por exemplo a criação de conta de e-mail ou aderir a uma rede social. Noutros casos passará por explicar as vantagens da adesão à fatura eletrónica, a utilização da banca online ou do e-commerce.
O programa de voluntários MUDA nasce no próximo dia 11 de dezembro e a partir desse dia estará no ar a página http://www.muda.pt/voluntario/ onde os voluntários podem aderir e ficar a saber como podem ajudar através dos tutoriais disponibilizados.
O programa de voluntários MUDA tem um hashtag próprio: #QUEROPORTUGALMAISDIGITAL
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