Por Diogo Mónica (*) 

Se antes da pandemia pela COVID-19 caminhávamos com firmeza rumo à digitalização contínua, em tempos de confinamento, esse processo acelerou. O caso da criptomoeda merece uma atenção especial, quer pelo potencial de crescimento, quer pelas inúmeras vantagens que nos traz enquanto cidadãos.

O assunto não é do interesse de todos, talvez por desconhecimento. Por isso, importa, desde logo, esclarecermos as dúvidas basilares. A criptomoeda é, no fundo, uma moeda digital. É como o Euro, ou o Dólar, por exemplo, mas não é impressa nem controlada por nenhuma entidade. Provavelmente, já ouviu falar em Bitcoin. Esta é das criptomoedas mais conhecidas. Mas há muitas mais.

De um modo geral, as criptomoedas baseiam-se numa tecnologia chamada “Blockchain” -  “Corrente de Blocos”, numa tradução literal. É uma base de dados descentralizada de qualquer autoridade, como um banco, e onde são registadas todas as transações feitas por qualquer pessoa. As transações são agrupadas em blocos e adicionadas à “corrente”. E é aqui que começam os benefícios desta tecnologia: permite que qualquer entidade interaja com a moeda, sem necessitar de instituições centrais e, uma vez adicionado, o bloco é virtualmente irreversível, criando um ambiente seguro.

Para os bancos, as vantagens seriam óbvias com a adoção destes ativos digitais: uma infra-estrutura financeira ágil, em custos e em velocidade. É, pois, bastante provável que, na Europa e na Ásia, se siga a tendência dos bancos americanos, autorizados a armazenar criptomoedas a partir do próximo ano.

Outras plataformas, nomeadamente do comércio online, também deverão apostar em pagamentos através destas moedas virtuais. Quer para as empresas, quer para os utilizadores, os benefícios são os mesmos: um sistema mais rápido, fiável e com maior grau de segurança. A PayPal é um exemplo paradigmático, ao permitir que os clientes americanos possam movimentar criptomoedas e, no futuro, efetuar pagamentos. A Europa deverá seguir os mesmos passos e, assim, conquistar mais utilizadores destes ativos.

Na verdade, o setor da chamada moeda ‘invisível’ tem chamado cada vez mais a atenção. E agora há uma tendência - que deverá manter-se em 2021 - que vai trazer mais confiança face, até, à volatilidade que caracteriza as criptomoedas. São as chamadas “stable coins” - o nome não poderia ser mais sugestivo: “moedas estáveis” -, apoiadas pelos chamados “ativos de reserva”. As vantagens desta nova classe de moeda são sobretudo o processamento instantâneo nas transações e a segurança - no geral, associadas às criptomoedas - combinados com as avaliações estáveis, sem volatilidade, das chamadas moedas FIAT, ou seja, as tradicionais, emitidas pelos Governos - como o Euro ou o Dólar.

Em termos de processos, as vantagens também se avizinham maiores. Um dos algoritmos mais conhecidos, o da Blockchain, funciona com base num modelo chamado “Proof of Work” (“Prova de Esforço”), que, além de requerer muito esforço computacional, implica um consumo excessivo de energia elétrica. Este é um problema revertido com o modelo denominado “Proof of Stake”, uma solução muito promissora para o futuro.

Entre o surgimento de novas soluções e, também, de cada vez mais moedas digitais - com destaque para a Ethereum 2.0, que está já a suplantar a influência da Bitcoin -, jogam-se as cartas na influência de outros ativos, como a Diem. É a nova criptomoeda, anteriormente associada ao Facebook, e que vem substituir a anterior Libra. E é, também, uma associação - a Diem Association - que conta com o apoio de instituições do setor, como a Anchorage. Prevê-se que, como muitas moedas digitais, a Diem ganhe uma posição firme neste mercado cada vez mais sedimentado.

Para cidadãos e para bancos e investidores, a moeda digital tem largas vantagens e promete ser uma solução cada vez mais adotada. Nesse sentido, 2021 vai ser, com certeza, um ano repleto de novidades, que muitos aguardam com entusiasmo.

(*) co-fundador e presidente da Anchorage

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