Por Hélder Lopes (*)

Hoje (29 novembro) comemora-se o dia Internacional do Engenheiro de Sistemas, mas, em Portugal, esta designação é ainda pouco comum, sendo esta atividade confundida frequentemente com a do administrador de sistemas. Aliás, em empresas mais pequenas, por questões de custos, o engenheiro acaba por acumular funções de administrador e ser um verdadeiro canivete suíço.

No entanto, na prática e em rigor, estes dois profissionais têm papéis muito diferentes. Ao administrador estão adjudicadas tarefas executivas, tais como: instalar, monitorizar e manter a operação dos sistemas de comunicação e de rede.

Já o engenheiro é a pessoa que, no mundo das Tecnologias de Informação (TI), chamamos de ‘brain’, ou seja, é o ‘cérebro’ da infraestrutura tecnológica de uma organização, pois ‘desenha’/projeta, implementa e supervisiona a arquitetura da mesma.

Neste caso, por ‘arquitetura’ entenda-se o planeamento detalhado das redes de comunicação, o mapeamento de todos os endereços de rede e a conceção do design de como os dispositivos vão comunicar entre si.

Já a ‘infraestrutura’ cobre quer a componente física (equipamentos, cabos e servidores) quer a virtual (sistemas operativos, servidores virtuais e redes de nuvem), assegurando este especialista que todos os elementos trabalham em sinergia para garantir a estabilidade e a segurança do sistema.

Para desempenhar estas funções, este engenheiro necessita de um vasto leque de competências técnicas. O domínio de protocolos de rede (como TCP/IP, DNS e VPN) é fundamental, bem como uma compreensão profunda dos sistemas de segurança de rede (implementação de firewalls e uso de criptografia).

Além disso, este profissional tem um papel central na transformação digital das empresas; ou seja, é responsável pela migração de sistemas locais para ambientes de nuvem e por planear que infraestrutura suporte o crescimento da organização. Para isso, precisa de estar atualizado no que diz respeito às tecnologias de virtualização e de computação em nuvem — como AWS, Azure e Google Cloud.

Deve ainda garantir a resiliência dos sistemas, desenhando infraestruturas que minimizem os riscos de falhas e que garantam a continuidade do negócio, incluindo soluções robustas de backup e recuperação de desastres.

Outro ponto essencial no dia a dia deste perito de TI é o recurso a quatro ferramentas específicas de monotorização, de automação, de design de sistemas e de documentação de arquitetura de rede.

A nível de monitorização, as ferramentas Nagios, Zabbix e Splunk são preciosas para supervisionar o estado e o desempenho da infraestrutura. Já ferramentas de automação — Ansible, Puppet ou Chef — facilitam a gestão e a configuração de servidores em larga escala. Para o design de sistemas e documentação da arquitetura de rede, softwares como Visio ou AutoCAD são cruciais.

Outro desafio dos engenheiros de sistemas é assegurar a proteção da empresa e dos dados dos clientes de ataques e de falhas de segurança e ainda ter em atenção o planeamento de atualizações e de manutenções no sentido de minimizar interrupções no serviço.

Todavia, além das competências técnicas, um engenheiro de sistemas também deve possuir soft skills, em particular em comunicação e em gestão de projetos. Isto porque a sua função exige contacto regular com o cliente, sendo diferenciador identificar necessidades, propor soluções e garantir que a implementação dos sistemas responde às expectativas da empresa.

Outro aspeto de enorme relevância é que este colaborador saiba explicar soluções complexas de forma simples e clara, no sentido de alinhar o cliente com a equipa técnica e de facilitar tomadas de decisão.

De referir ainda que, em projetos de elevada dimensão, o engenheiro de sistemas usualmente assume um papel de gestor, definindo prazos, organizando recursos e coordenando as várias partes envolvidas.

Ter capacidade de resolução de situações difíceis é outra mais-valia, pois é esperado que consiga diagnosticar e resolver problemas difíceis de infraestrutura de forma rápida e eficaz, garantindo a continuidade do negócio.

Em suma, o engenheiro de sistemas é uma peça-chave para a infraestrutura de uma empresa, sendo responsável pelo design (arquitetura), cibersegurança, e monitorização de sistemas de comunicação e de rede e a transformação digital (cloud) do negócio.

Por todo este trabalho e requisitos profissionais exigidos, é mais do que justo que a designação oficial ‘engenheiro de sistemas’ seja vulgarmente desconstruída para linguagem corrente como o ‘cérebro’ da infraestrutura tecnológica da empresa.

(*) IT Support da Integer Consulting