Geração Magalhães
por Paulo Trezentos (*)
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No sector da educação, a espuma dos dias que correm dificulta a diferenciação entre o que é essencial e o que é acessório.
Com a crise anunciada, mas ainda não totalmente sentida, precisamos de nos mobilizar mas não sabemos como.
Do Magalhães, já tudo foi dito excepto o essencial. Qual o impacto esperado para o país deste investimento?
As gerações vão sendo marcadas pelos acontecimentos cujo impacto molda-as ao seu tempo.
A geração nascida em 90, é a geração do telemóvel. Hoje, entre os 10 e os 18 anos é esse o seu principal meio de comunicação, de socializar, de ser.
A geração nascida em 80, é a geração "rasca", termo moldado pelo ex-director d'O Público. Um termo pouco tecnológico mas que encaixa bem numa geração que teve de se adaptar na década em que Portugal apostou nas infra-estruturas.
A geração de 70 - a minha - é a geração Spectrum e derivados. Foi a primeira geração a ter acesso, enquanto crianças, a um computador e dele começou a tirar partido e a desenvolver as suas competências.
Da mesma forma, a geração nascida nesta década (pós-2000) será a geração Magalhães.
A geração Magalhães é a geração que antes de fazer 10 anos de idade, tem acesso a um portátil pessoal, com capacidade de conectividade na escola ou em casa e dois sistemas operativos Windows e Linux. Uma geração que poderá escolher em cada arranque entre Windows XP ou Linux Caixa Mágica tirando o partido do melhor dos dois mundos e, mais importante, desmistificando na idade adulta algumas ideias relacionadas com os sistemas operativos.
Esta geração tem uma diferença nada subtil em relação à geração Spectrum. Enquanto o Spectrum estava em 5%, ou menos, das casas portuguesas, o Magalhães estará em todas as casas com crianças.
Acredito que a consequência desta conjuntura será uma oportunidade para todo o país.
O Magalhães terá valido a pena se, dentro de 20 anos, de Portugal surgirem duas ou três empresas tecnológicas à escala mundial (como o Skype ou o Google, hoje), vinte ou trinta cientistas de topo, duzentos ou trezentos líderes das diferentes áreas da sociedade.
Se esta relação causa-efeito, a esta distância, pode ser posta em dúvida, apenas é preciso conhecer as capacidades das crianças a relacionarem-se com novos desafios. Elas são curiosas, flexíveis e aprendem rápido, muitas vezes por imitação.
Os professores terão um papel? Certamente. Ao incentivar os alunos a sonhar e a desafiar o que hoje está dado como certo, eles poderão ser o rastilho desta geração certamente disruptora. Faltarão meios, como formação, para eles tirarem total partido do Magalhães mas pretender condições perfeitas é impossível nos dias que correm.
Dentro dos problemas - alguns legítimos, outros não - dos professores, é certo que tudo é causa de contestação. Acredito que há medida que os Magalhães começarem a chegar às escolas, veremos mais professores a apostarem no Magalhães e a dinamizar actividades. É mais fácil ir na "onda" e criticar o Magalhães em blogs. É popular e dá direito aos seus 5 minutos de fama. Mas aqueles professores, do interior ou do litoral, de grandes cidades ou pequenas aldeias, que sentem que existem alunos de primeira e de segunda por estes últimos não terem acesso a um computador, já perceberam a medida de elementar justiça.
Também os pais têm desafios. Não só os de controlar o acesso à Internet, mas respeitarem que o Magalhães é deles e para eles.
Tenho todos as razões para ser subjectivo nesta questão: sou professor, sou entusiasta de tecnologia e a Caixa Mágica está envolvida no projecto Magalhães.
Mas simultaneamente como português e pai estou confiante que a geração Magalhães terá mais oportunidades de fazer vingar as suas ambições.
E que, como é aspiração de qualquer geração, também as nossas possam reclamar uma pequena vitória: fomos nós que criámos essas condições, que as acarinhámos e lutámos para que elas vissem a luz do dia, deixando à geração Magalhães melhores condições do que aquelas que aqui encontrámos.
(*) Professor e Investigador do ISCTE e fundador da Caixa Mágica
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