Por Hugo Lourenço (*)

Considerando as diversas melhorias resultantes da Inteligência Artificial (IA) e a sua crescente integração no modus operandi de equipas e empresas, é crucial compreender o impacto transformador e diferenciador da IA na esfera organizacional. Esta amplia as capacidades das equipas, permitindo que tomem decisões mais rápidas, automatizem tarefas repetitivas e libertem tempo para a criatividade. No universo Agile, a IA não se apresenta como uma realidade oposta, mas sim como uma ferramenta poderosa que complementa e aprimora as práticas existentes, possibilitando que as empresas alcancem novos patamares.

A IA como Aliada Estratégica para PME

Como ferramenta, a IA apresenta-se como um aliado estratégico para as pequenas e médias empresas (PME), especialmente considerando o cenário global onde competem com grandes organizações. Para as PME portuguesas, pode ser um fator-chave para nivelar o campo de jogo com a concorrência. Se pensarmos numa pequena empresa com apenas 2 ou 3 pessoas, a IA pode substituir um departamento inteiro de marketing na criação de posts e campanhas personalizadas ou na automação de e-mails. O mesmo se aplica, por exemplo, a departamentos de operações e logística, otimizando o tempo e a produtividade das tarefas. Em suma, a IA está a dar ao "pequenote" a possibilidade de competir de igual para igual com as grandes empresas estabelecidas.

Implicações da IA em Equipas Agile

Ao mencionar as implicações da IA no Agile, é crucial considerar as características intrínsecas destas equipas, especialmente a natureza multifuncional e a importância da aprendizagem mútua. A heterogeneidade de uma equipa permite a mutação, sendo a forma de trabalhar um processo de crescimento enquanto o trabalho acontece. É neste contexto que se destaca a IA, uma vez que amplia as capacidades da equipa e a sua rapidez, assim como contribui positivamente para o processo de aprendizagem e brainstorming da mesma.

Gestão de Tempo e Eficácia

Por um lado, a IA possibilita uma melhor gestão de tempo, uma vez que reduz a necessidade de "começar do zero". As equipas podem adaptar as suas propostas ao contexto e à cultura existentes. O ser humano é relativo na sua perceção – é mais fácil determinar qual é o objeto mais pesado num grupo de objetos do que perceber qual o objeto que pesa 10 kg no mesmo grupo – por isso, para alguns cenários, é preferível aperfeiçoar algo do que dar o primeiro passo.

A IA como Facilitadora, Não Substituta

Por outro lado, como anteriormente referido, a IA tende a substituir a interação humana, pelo seu potencial de libertar tempo e espaço na agenda para tarefas mais complexas e estratégicas. O desafio reside em saber que tarefas lhe delegar. As equipas Agile são normalmente caraterizadas pela presença de um facilitador, como um Scrum Master / Delivery Manager, ou alguém que apoia na priorização do trabalho. Estas são exemplo de funções que exigem habilidades interpessoais, empatia e a capacidade de criar um ambiente propício à comunicação e ao trabalho em equipa, fatores humanos, pelo que recorrer à IA pode não ser a escolha mais sensata, uma vez que exigem interações humanas.

Orquestração de Possibilidades: IA e Agile

A IA e o Agile não são rivais, mas sim parceiros que orquestram possibilidades. Há diferentes tarefas e papéis que podem ser executados pela IA, e outros que devem ser realizados por uma pessoa. A Inteligência Artificial veio para ficar, é somente uma questão de adaptação ao seu vasto leque de vantagens. O meu conselho? Sejam ágeis na aprendizagem e Agile na forma de pensar e de estar.

(*) fundador do World Management Agility Forum e CEO da The Agile Thinkers